Publicado em: 19/09/2023
O tema da preservação e da valorização dos rios e das águas tem estado presente nas discussões sobre a conservação da biodiversidade, principalmente a partir do lançamento da Década da Água para a Vida, movimento criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2005.
E o processo de conscientização sobre o tema parece surtir efeito. Mas o uso desse recurso, e os impactos da falta dele no dia a dia, parecem ser reconhecidos principalmente a partir do alerta da necessidade da sua preservação mediante a sua escassez e da sua distribuição desigual.
Em pesquisa de 2021, realizada pela GlobeScan, em parceria com a Circle of Blue e o WWF, a falta de água potável se mostrou uma preocupação entre 81% dos brasileiros e brasileiras entrevistados/as, resultado bem acima dos 58% apontados como a média mundial. Segundo a publicação, o motivo para isso seria que grande parte da população brasileira entrevistada alegou já ter sofrido os impactos da falta de água potável ou ter sido prejudicada por secas.
As pessoas do Brasil entrevistadas também demonstraram uma maior preocupação com a poluição dos rios (84%) em comparação com a média global (62%). O que pode indicar uma maior correlação deles e delas entre a poluição e uma possível falta do recurso.
Além disso, a escassez de água e distribuição de forma desigual, tanto geográfica quanto social, gera impactos também na economia.
A falta de valorização dos rios e das águas, e dos serviços que podem ser relacionados a eles, também já foi destaque de outro relatório importante, o Valuing Rivers Report, divulgado pelo WWF em 2018.
De acordo com a organização, energia hidrelétrica e irrigação são apenas alguns dos benefícios que os rios podem fornecer. Mas o real valor dos rios ainda é relativamente desconhecido pelos tomadores de decisão, ou para as pessoas em geral. A maioria dos setores e pessoas que dependem de rios saudáveis não reconhece totalmente o fluxo de benefícios provenientes deles.
Segundo a organização, uma gestão sustentável dos rios exigiria uma medição aprimorada dos benefícios, baseada em um entendimento claro dos processos fluviais. Ou seja, a sugestão aqui seria a criação de um planejamento e de métricas claras para o acompanhamento da gestão hídrica.
Além disso, embora estejam surgindo diversos métodos para melhorar a avaliação e os resultados das águas e dos rios, de acordo com o WWF, eles não terão grandes impactos na política e na gestão das águas a menos que essas informações cheguem de forma que realmente engaje o público necessário, como tomadores de decisão que não estejam diretamente envolvidos na gestão, por exemplo.
O último ponto ressaltado pela instituição foi a melhoria na governança, destacando que a implementação de decisões e a manutenção do progresso só serão possíveis por meio de instituições eficazes de gerenciamento de água e governança, com envolvimento essencial de governos, do setor privado e de instituições financeiras.
Inovação, políticas e práticas para conciliar o crescimento econômico com a manutenção de rios saudáveis podem ser a solução para uma gestão hídrica que gere menos preocupações para populações e governos.
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