Publicado em: 19/11/2020
As altas taxas de queimadas e desmatamentos na Amazônia ganham a cada dia maior repercussão na imprensa nacional e internacional. Os incêndios foram alvo da cobertura da mídia, principalmente, após 19/08/2019, o dia simbólico em que a cidade de São Paulo teve o céu escurecido em pleno dia, como resultado do mau tempo misturado à fumaça das queimadas vindas do Norte e Centro-Oeste. A imagem negativa com as questões socioambientais, quase um ano depois, é novamente a preocupação expressa por um grupo de empresas signatárias de uma carta destinada ao Conselho Nacional da Amazônia Legal. O documento chama atenção não apenas ao risco à reputação, mas também a perda de oportunidades de desenvolver negócios para o país.
Dada importância e interesse público sobre o tema, a Unidade de Estudos e Pesquisa em parceria com as equipes de locais e gestores do Programa de Gestão Territorial Indígena faz uso, em seus produtos contratados, das informações divulgadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) para monitorar focos de queimadas e o avanço de áreas desmatadas em regiões sensíveis do território nacional, como é o caso das Terras indígenas (TI).
O estudo é realizado desde 2019 em três TIs localizadas na Bacia do Xingu. Com a utilização de ferramentas de geoprocessamento e de informações geográficas que interseccionam a área de interesse, se faz o monitoramento do número de focos de calor existentes dentro das Terras Indígenas e em sua Faixa de Segurança. Além disso, são registradas as variações temporais e espaciais dos focos. Essas informações são relacionadas com os índices históricos de pluviometria, de áreas desmatadas e alguns outros indicadores de degradação ambiental sensíveis a região.
Figura 1. Variação mensal de focos de calor e índices de precipitação ao longo do ano
Para monitorar áreas desmatadas são utilizados relatórios periódicos sobre uso e ocupação do entorno das áreas protegidas com técnicas de sensoriamento remoto. Este trabalho é realizado utilizando-se de imagens de satélite e bases de dados geográficos do Programa Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER) e do Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (PRODES).
Na figura abaixo pode ser visto exemplo de monitoramento de desmatamento através de supressão vegetal em uma área da bacia do Rio Xingu, comparando-se imagens de satélite de 2011 e 2019.
Figura 2. Supressão vegetal em área da Bacia do Rio Xingu de 2011 e 2019
Nos últimos doze meses foram mapeados mais de 800 focos na área de estudo, sendo aproximadamente dois terços na Faixa de Segurança Etnoambiental (FSEA)[1] e um terço dos focos dentro de Terras Indígenas demarcadas pela FUNAI.
Com a relação ao desmatamento, são diversos os relatos identificados, através de sensoriamento remoto e da utilização de dados secundários, que até o momento já somam uma área aproximada de 80 Km².
Este produto oferece inúmeras vantagens aos nossos clientes, entre elas, a construção de uma base analítica capaz de orientar o conhecimento sobre as dinâmicas recentes do território, oferecendo pistas, caminhos e estratégias para a gestão territorial das áreas protegidas. Além disso, o uso de geotecnologia permite identificar os vetores de ameaças à integridade dos territórios, monitorando áreas vulneráveis e as causas possíveis dessas ocorrências.
Texto elaborado por:
Marcos Vinicius Quizadas de Lima – Coordenador de Geoprocessamento
Vinicius Corrêa – Gerente de Estudos e Pesquisas
[1] Faixa de Segurança Etnoambiental (FSEA) é definida a partir de 10Km da delimitação a Terra Indígena.
*Artigo publicado originalmente em 20/10/2020
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