Publicado em: 07/02/2024
A saúde dos povos indígenas tem sido motivo de discussão e ações entre os órgãos de saúde do Brasil. Isso acontece porque, nos últimos anos, o garimpo ilegal, a seca e outros fatores que afetam os territórios indígenas têm causado doenças, como contaminação por mercúrio e desnutrição.
O Ministério da Saúde registrou 650 mortes nos territórios Yanomami, nos anos de 2022 e 2023, sendo 343 em 2022 e 308 em 2023, e as principais causas foram influenza (gripe), pneumonia, mortes por agressões e desnutrição.
O Ministério ainda informa que a precarização dos sistemas de notificação e vigilância dos territórios pode ter impactado nos dados até 2022. Ou seja, os números até 2022 podem ser ainda maiores.
Para evitar o crescimento dessas estatísticas, o Ministério da Saúde tem realizado ações de retirada das pessoas doentes para auxiliar no tratamento. Isso foi o que aconteceu durante o ano de 2023, em que mais de 300 crianças Yanomamis diagnosticadas com desnutrição foram resgatadas do território para passar por tratamento médico.
Além do Ministério da Saúde, a Fiocruz também tem atuado a favor da saúde dos povos indígenas, por conta dos altos níveis de mercúrio no corpo de indígenas da etnia Munduruku. Algumas das pessoas contaminadas registraram o dobro ou o triplo do nível aceito pela OMS.
Pesquisadores e pesquisadoras da Fiocruz e de Harvard têm analisado os casos para compreender como vem acontecendo a contaminação. Além disso, está sendo feito um monitoramento dos casos, por parte do Distrito Sanitário Especial Indígena Rio Tapajós.
Para impulsionar os cuidados com a saúde dos povos indígenas, a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), criou, no início de 2024, um Grupo de Trabalho que visa desenvolver uma proposta de programa em medicinas indígenas.
Atualmente, a Sesai executa a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e conta com mais de 22 mil profissionais de saúde, sendo a maioria indígenas, que atendem mais de 760 pessoas de origem indígena.
Além disso, o Ministério da Saúde tem acompanhado a situação dos povos indígenas afetados pela seca que atingiu a região Norte do país, por meio do Comitê de Respostas a Eventos Extremos na Saúde Indígena. Até novembro de 2023, mais de mil aldeias haviam sido impactadas pela seca da região.
Com a criação do comitê, será possível oferecer cestas básicas e orientações, além de fornecer equipes de combate a incêndio, equipamentos de monitoramento e auxílio para que a saúde dos povos indígenas não seja afetada pelas mudanças climáticas.
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