Publicado em: 12/12/2024
Com o fim da COP29, começam as expectativas e os preparativos para a COP30, fazendo com que os olhos do mundo se voltem para Belém, onde acontecerá a COP, em 2025.
A Conferência das Partes sobre Mudanças do Clima, o maior e principal encontro sobre o assunto, será palco de debates sobre a conservação e reparação das florestas, transição energética e alternativas para manter em 1,5° C ao aumento da temperatura do planeta.
Mas, para que essas resoluções sejam possíveis, Roberto Waack, conselheiro da Synergia Socioambiental e cofundador da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, aponta a importância das articulações: “A COP30 terá que envolver, principalmente, o setor privado alinhado à sociedade civil para encontrar soluções que a diplomacia não irá resolver”
Para isso, as empresas terão que se preocupar com estratégias de adaptação, independentemente de ter ou não fundos de conservação e independente das ações diplomáticas presentes na COP30.
Vale lembrar que mesmo com um grande território florestal e uma agenda climática própria, que envolve o uso da terra, o Brasil precisará se alinhar a agenda climática global, ou seja, entre os preparativos para a COP30, o país deve se planejar para não restringir os debates com base na percepção brasileira sobre a crise climática.
É preciso ter clareza que, mesmo realizada no Brasil, a COP30 é um evento global e como tal, é preciso ter uma inserção do Brasil na geopolítica climática, que é focada na questão da transição energética.
A pouco menos de um ano para a realização da COP, em Belém, alguns preparativos para a COP30 estão sendo aguardados ansiosamente, entre eles a definição das lideranças brasileiras na Conferência.
Waack destaca que essa indefinição é vista como algo negativo, pois o mercado não tem com quem dialogar sobre a agenda climática: “Não estamos olhando para a dimensão do que se espera do Brasil na COP30, após três anos de realização em países que tem o petróleo como fonte de renda e depois de 10 anos do acordo de Paris”.
“As últimas COPs foram, de certa forma, a agenda de interesse de países e não tiveram a dimensão global que a discussão climática precisa ter. Baku, por exemplo, foi pautada por uma agenda de defesa dos combustíveis fosseis” completa, Waack.
Para evitar o mesmo cenário, o Brasil precisa se preparar para uma abordagem geopolítica global ligada a agenda climática macro, se posicionando em assuntos como carvão, combustíveis fósseis e a transição energética.
Ciente dos impactos das mudanças climáticas no planeta e, consequentemente, nos negócios, o setor privado já vem se movimentando e demonstrando interesse em assuntos como mitigação e adaptação climática.
Por reconhecer que o Brasil é uma potência no combate às mudanças do clima, a indústria brasileira, por exemplo, pode usufruir desse conhecimento, a partir da conexão com os grandes desenvolvimentos tecnológicos.
A participação do agronegócio brasileiro na COP29 também mostrou que o setor está aberto aos diálogos sobre o assunto e disposto a lidar com as questões climáticas no seu dia a dia.
A articulação do setor privado, mesmo que feita de forma independente pelos mercados, é resultado da demora das definições do governo brasileiro, mas pode ser um ponto positivo do setor, visto que os assuntos estão sendo debatidos e pode haver uma unificação futuramente.
Entretanto, existem pontos negativos nessa ação deliberada, como aponta Roberto Waack: “Existe o risco de perda de oportunidade, como é o caso do agronegócio brasileiro. Há a percepção de uma oportunidade de ser o país com produção de commodity de mais baixa perda de carbono do planeta”.
Essa discussão poderia ser mais consistente, caso já houvesse essa junção da agenda governamental, do setor privado e da sociedade civil.
Mesmo sem ter acontecido, existem expectativas sobre quais são os possíveis legados da COP30 para o Brasil e o mundo, entre eles a conexão da segurança alimentar, segurança energética, agenda de inclusão, capital natural e biodiversidade.
Além disso, nenhum país tem mais conhecimento sobre combustíveis verdes como o Brasil, que vive todos os dias ao lado dos combustíveis renováveis. Isso possibilita um legado de um país que conseguiu conciliar o uso da terra, segurança energética, segurança alimentar e conservação.
Com isso, numa visão global, a COP30 no Brasil pode deixar legado sobre uso de renováveis, principalmente com o fortalecimento da relação entre setor público e privado.
Outro legado possível é participação da sociedade civil, incluindo as críticas e manifestações, como dos povos indígenas. Roberto Waack, destaca a importância dessa participação: “A discussão climática é muito dependente do engajamento da sociedade, por conta das práticas e hábitos de consumo. Com isso, a COP30 pode ter um legado da participação da sociedade civil, deixando de ser um tema de burocratas e acadêmicos”.
Essa participação é necessária, afinal, a sociedade vem, cada vez mais, sendo impactada pelas mudanças do clima e eventos extremos, como secas prolongadas, fortes chuvas, entre outros.
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