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Números que falam: os desafios da população negra no Brasil

Publicado em: 18/11/2024

A população negra no Brasil, composta por pessoas pretas e pardas, soma cerca de 112,7 milhões de pessoas, de acordo com o Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Desses, 92,1 milhões se declaram pardas, representando 45,3% da população total, enquanto 20,6 milhões se identificam como pretas, correspondendo a 10,2%.

Pessoas de diferentes cores/raças são flagradas atravessando uma rua movimentada
Pessoas pretas e pardas correspondem a 112,7 milhões no Brasil – Foto: Adobe Stock

Essa população tem experimentado um aumento significativo desde 2010. O número de pessoas que se identificam como pretas cresceu 42,3%, passando de 7,6% para 10,2%. Já a população parda teve um aumento de 11,9%, subindo de 43,1% para 45,3%.

As pessoas pardas formam o grupo com maior percentual na população de algumas regiões do Brasil. A região Norte destaca-se, com 67,2% da população se declarando parda, seguida pelo Nordeste (59,6%) e Centro-Oeste (52,4%), que também têm percentuais superiores à média nacional.

No entanto, as regiões Sul (21,7%) e Sudeste (38,7%) apresentam índices abaixo da média.

Já a população preta está mais concentrada no Nordeste, que abriga 13% de toda a população preta do Brasil. O Sudeste segue com 10,1%, o Centro-Oeste com 9,1%, o Norte com 8,8% e o Sul com 5,0%.

A realidade educacional para a população negra no Brasil

No campo educacional, os dados do Censo Escolar 2022 mostram que 41,3% das pessoas estudantes matriculadas se declararam negras. Apesar dessa representatividade, a população negra enfrenta desafios significativos no acesso e permanência no sistema educacional.

Entre as pessoas jovens de 14 a 29 anos que não concluíram o ensino básico, 70% pertencem à população negra.

Crianças pretas e pardas aparecem sentadas em suas carteiras dentro de uma sala de aula
Atualmente, 41,3% das pessoas estudantes matriculadas se declararam negras – Foto: Adobe Stock

Além disso, a taxa de analfabetismo também é bem significativa. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 7,1% da população preta e parda é analfabeta, mais do que o dobro da taxa entre as pessoas brancas (3,2%).

O analfabetismo é mais prevalente entre mulheres negras (5,2%) do que entre os homens negros (5,6%). Entre as pessoas mais velhas (60 anos ou mais), a taxa de analfabetismo chega a 22,7%, quase o triplo da taxa registrada entre os brancos (8,6%).

Outro dado preocupante diz respeito à infraestrutura escolar. Segundo estudo do Ministério da Educação (MEC), em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), dos 2,3 milhões de estudantes em escolas públicas que não possuem infraestrutura mínima, 86% são pessoas negras ou indígenas.

No ensino superior, apesar das dificuldades, as pessoas negras se destacam pela busca de carreiras docentes, representando 64,2% das pessoas negras no ensino superior que optam por essa área.

A negligência com a saúde

No setor da saúde, a população negra no Brasil também enfrenta desafios. Mesmo com a vigência da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), que visa promover a equidade em saúde, a implementação de ações contra o racismo ainda é insuficiente.

De acordo com pesquisa do IBGE de 2021, das 27 capitais brasileiras, apenas 14 (51,85%) incluíram ações da PNSIPN em seus Planos Municipais de Saúde (PMS). Esse dado é particularmente preocupante, pois cerca de 67% do público atendido pelo SUS é negro (IPEA, 2008).

A desigualdade no mercado de trabalho

As desigualdades no mercado de trabalho também afetam mais intensamente a população negra. Segundo o estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, divulgado pelo IBGE em 2022, as taxas de desocupação são mais altas para a população negra no Brasil: 16,5% para as pessoas pretas e 16,2% para as pardas, comparados a 11,3% entre as brancas.

A imagem mostra duas pessoas negras, sendo um homem e uma mulher, trabalhando numa obra
A taxa de desocupação para pessoas pretas e pardas é de 16,5% e 16,2%, respectivamente.

Além disso, a informalidade no mercado de trabalho também atinge mais a população negra. Enquanto 32,7% da população branca trabalha na informalidade, o índice é de 43,4% para as pessoas pretas e 47,0% para as pardas, superando a média nacional de 40,1%.

Uma das alternativas que tem ajudado a mitigar essa realidade é o empreendedorismo, que vem sendo cada vez mais adotado pela população negra como forma de superar as barreiras impostas pela desigualdade no mercado de trabalho.

Esses estudos ressaltam a urgência de políticas públicas que atendam às necessidades da população negra em diversas áreas da sociedade. Reparar as injustiças históricas é essencial para construir um futuro mais igualitário, onde todas as pessoas possam ter acesso às mesmas oportunidades e direitos.

Quer saber mais sobre como o empreendedorismo tem contribuído para reduzir as desigualdades da população negra?! Fique por dentro da nossa campanha da Semana da Consciência Negra.

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