Publicado em: 22/05/2022
A perda da biodiversidade, e como evitá-la, tem sido tema das principais conferências ambientais dos últimos anos, juntamente ao debate das questões climáticas. Porém, cada vez mais os/as especialistas ganham convicção de que os dois temas estão diretamente relacionados.
Um estudo lançado no final de 2021 pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) demonstrou que a crise climática e a perda da diversidade de plantas e animais no mundo estão diretamente relacionadas e que apenas uma solução conjunta pode resolver o problema, por meio de políticas públicas coordenadas.
De acordo com o relatório, a ação humana é responsável pela alteração de 77% da área de ambientes terrestres e 87% dos ambientes marinhos, provocando perda da biodiversidade e intensificação das mudanças climáticas e de seus efeitos, como ondas de calor, secas, desertificações, enchentes e eventos climáticos extremos.
Cientistas também lançaram o alerta recente, por meio da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), para o fato de que quase 30% das espécies conhecidas no planeta sofrem ameaça de extinção.
Porém, os/as responsáveis pela pesquisa também trouxeram um ponto importante como conclusão, considerando as condições enfrentadas por algumas espécies: existe a possibilidade de recuperação, mas para isso é necessário que “os países realmente se comprometam com práticas sustentáveis”.
E para tentar reverter essas consequências, diversas ações de mobilização global têm sido realizadas, reunindo lideranças mundiais para definir estratégias unificadas de combate às mudanças climáticas e de prevenção aos desastres ligados a elas, inclusive a perda da biodiversidade.
Entre as mais importantes estão a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), o encontro anual mais importante do mundo no debate das questões do clima, e a COP15, que começou em 2021 e terá continuidade em 2022.
A segunda parte da 15ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP15) está programada para o último semestre deste ano, na China, e envolve interesses do mundo todo.
Com o intuito de debater medidas de preservação, a COP 15 ainda deve abordar temas relacionados ao aproveitamento da biodiversidade – sobre como esse patrimônio genético se transforma em medicamentos, gêneros alimentícios e afins –, a biopirataria e a questão da repartição entre os países que possuem a biodiversidade e os que possuem a tecnologia para aprimorar o seu uso de forma sustentável.
Porém, o assunto principal a ser debatido é o Quadro Global da Biodiversidade Pós-2020 (ou Marco Pós-2020), que visa a implementação de uma estrutura global e conjunta para a proteção da biodiversidade. Além disso, ele define métricas para verificação da recuperação, da conservação e da perda de biodiversidade no mundo para o período de 10 anos, até 2030.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) fez um resumo dos temas relacionados a serem abordados:
É possível acompanhar a agenda de todas as reuniões e os seus resumos com as principais decisões tomadas, além do direcionamento das estratégias, a partir do site oficial da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU (CDB).
O Brasil tem papel fundamental tanto para a conservação quanto para se evitar a perda da biodiversidade mundial, já que é o país com maior biodiversidade do planeta.
De acordo com dados do governo federal, são mais de “116.000 espécies animais e mais de 46.000 espécies vegetais conhecidas no País, espalhadas pelos seis biomas terrestres e três grandes ecossistemas marinhos.”
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) estima que 1,3 bilhão de pessoas dependam da biodiversidade e de serviços e produtos ecossistêmicos básicos para sua subsistência no mundo, e destaca que o Brasil possui grande responsabilidade no “processo de mudança de conceitos” sobre a manutenção da biodiversidade.
Além disso, a Organização aponta que um dos meios mais efetivos de conservação se dá com o estabelecimento de áreas de proteção sejam elas Unidades de Conservação (UCs) federais, estaduais e/ou privadas.
Outo ponto importante levantado pela Unesco em relação à perda da biodiversidade no Brasil é que, para interrompê-la, além da implementação cada vez maior das UCs, é essencial que haja participação comunitária nos processos de tomada de decisão.
Ou seja, neste momento, além das discussões globais a respeito das medidas a serem tomadas pela preservação da biodiversidade de maneira global, as ações de educação ambiental locais são extremamente importantes para a mobilização social e a sensibilização de pessoas e comunidades visando a promoção de transformações socioambientais capazes de reverter a perda de biodiversidade e estimular a restauração de ecossistemas.
Cadastre-se e receba nossas novidades.