Publicado em: 27/01/2022
O MapBiomas anunciou este mês o desenvolvimento de seu próprio Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) voltado especificamente para realizar o monitoramento do desmatamento no Cerrado.
A declaração foi feita em um momento importante, em que há dúvidas sobre a continuidade dos monitoramentos realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). No início do mês, o INPE anunciou que, por falta de verbas, poderia ser obrigado a interromper o serviço de monitoramento do desmatamento do Cerrado já a partir de abril de 2022.
O monitoramento, via satélites, é realizado pelo Instituto desde o ano 2000. Em 2016, foi fechado um convênio com o Banco Mundial, que se tornou responsável por financiar o projeto. Porém, esse convênio terminou em dezembro de 2021 e não foi renovado. Como consequência, a equipe de pesquisadores/as responsáveis pelo monitoramento do bioma foi desmobilizada.
O sistema de alerta anunciado pelo consórcio MapBiomas – formado por ONGs, universidades e empresas de tecnologia – surge como uma opção para diminuir o impacto do apagão de dados do INPE, caso ele realmente ocorra. Assim, a sociedade não deixaria de acompanhar a situação do Cerrado.
Segundo maior bioma do país, o Cerrado foi o que apresentou o maior nível de desmatamento por queimadas no período de 2000 a 2019, segundo dados do próprio MapBiomas, divulgados no ano passado.
A exploração e o desmatamento intensivos do bioma colocam também outros ecossistemas em risco – como é o caso do Pantanal, que tem no Cerrado a origem principal de suas nascentes.
Ter acesso aos dados sobre o Cerrado é essencial para a sua defesa e para a criação de medidas para a sua conservação.
Em entrevista dada após a grande repercussão da notícia, Clezio Nardin, diretor do INPE, negou o desmonte do monitoramento do Cerrado e afirmou que o Instituto está em busca de novos recursos para dar continuidade ao programa.
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