Publicado em: 29/08/2021
O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, que tem o objetivo de denunciar, além da invisibilização, as diversas violências psicológicas, simbólicas, físicas e econômicas sofridas por mulheres lésbicas em todos os espaços da sociedade, nos motiva a falar sobre o posicionamento das/dos atletas em relação à sua sexualidade, nas últimas Olimpíadas.
Levantar bandeiras e representar países. Essa poderia ser considerada a premissa básica de atletas que se apresentam nos Jogos Olímpicos (além de tentar ganhar medalhas, claro). Porém, cada vez mais, esse também tem sido o palco para que competidores e competidoras levantem bandeiras dos movimentos LGBTQIAP+ e peçam pela representatividade da causa.
Cristiane Rozeira, ex-jogadora da seleção brasileira de futebol feminino e comentarista durante as Olimpíadas de Tóquio, deu uma entrevista na qual falou sobre como teve receio das consequências de assumir sua sexualidade enquanto ainda era jogadora.
Para Cristiane, manter sigilo sobre a sua orientação sexual era um modo não apenas de se resguardar, mas também de evitar que outras jogadoras sofressem os impactos do preconceito. Segundo ela, já são poucas as marcas que apoiam o futebol feminino, e o cenário poderia piorar considerando a rejeição que ainda existe contra pessoas homossexuais.
Marta Silva, um dos grandes nomes do futebol mundial nas últimas décadas, não apenas assumiu a dianteira das discussões sobre equidade de gênero no esporte, mas se tornou símbolo de representatividade lésbica junto a algumas de suas companheiras de equipe, que fizeram questão de dedicar gols e vitórias para as suas namoradas e esposas.
A coragem vem ganhando espaço e cada vez mais competidoras (e competidores) têm assumido publicamente a sua orientação sexual, preparando o terreno para que as próximas gerações tenham menos medo de expressar quem são de verdade.
Segundo o site Outsports, especializado em notícias esportivas com foco LGBT, mais de 185 atletas que participaram das Olimpíadas de Tóquio se declararam homossexuais, bissexuais, transgêneros ou não binários. As mulheres superam os homens em uma proporção de 9 para 1.
A pesquisa divulgada pelo site seguiu sendo atualizada até algumas semanas após o fim dos Jogos Olímpicos, com atletas que decidiram assumir a sexualidade ainda durante o evento ou logo após.
É importante destacar que o site segue fazendo a cobertura das participações de atletas LGBTQIAP+ durante os Jogos Paralímpicos. A última reportagem divulgava uma lista com ao menos 34 atletas, o maior número já contabilizado até agora, segundo o Outsports. Novamente, as mulheres são maioria. A lista segue em atualização e deve aumentar até o final da edição paralímpica dos jogos.
O motivo para o crescente número de atletas que assumem sua sexualidade a cada edição olímpica, segundo o site, seria a mudança na sociedade, os avanços na inclusão e a visibilidade dessas/es atletas nas redes sociais – mostrando o seu dia a dia, quebrando preconceitos sobre as relações homoafetivas e debatendo o tema.
Vale lembrar que esta foi a primeira edição olímpica a ter atletas transgêneros competindo como tal.
Embora a visibilidade e a representatividade estejam aumentando nas olimpíadas, assim como no dia a dia, os números oficiais provavelmente ainda estão longe de representar a realidade. O medo da discriminação ainda faz com que muitas pessoas não se identifiquem publicamente como parte da comunidade LGBTQIAP+. A inclusão no esporte ainda enfrenta barreiras.
Mas a expectativa é de que a mudança de cenário aconteça pela abertura de caminho que essas/es atletas estão possibilitando, ao se posicionarem e inspirarem futuras gerações.
O cenário encontrado nas Olimpíadas apenas reflete a luta diária das mulheres lésbicas por políticas públicas adequadas, respeito à diversidade e equidade de gênero. São várias frentes abordadas para que os desafios possam ser superados.
Separamos algumas matérias que mostram as trajetórias e ilustram tópicos e personalidades importantes da conquista por direitos e respeito para as mulheres homossexuais no Brasil e no mundo. Confira!
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Quais são os direitos das lésbicas?
*A Synergia, em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela ONU, apoia e colabora com todas as medidas para que possamos alcançar as metas de um planeta melhor para todos e todas, isso inclui a promoção da Igualdade de Gênero (ODS 5) e a Redução das Desigualdades (ODS 10).*
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