Publicado em: 21/04/2022
O Dia Mundial da Criatividade e Inovação foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2017. A data, à primeira vista, pode parecer um pouco diferente das outras instituídas pela Organização, que costuma focar em celebrações mais voltadas para o meio ambiente e/ou causas específicas.
Porém, quando entendemos o objetivo inicial proposto pelo Dia Mundial da Criatividade e Inovação, fica mais fácil compreender o motivo da ONU ter abraçado a causa e transformado a data em uma de suas celebrações oficiais.
Em 2014, o brasileiro Lucas Foster, empreendedor e especialista em economia criativa, idealizou o World Creativity Day, inciativa global considerada atualmente o maior festival colaborativo de criatividade e inovação do mundo. O objetivo era simples: demonstrar que essas características têm papel primordial quando o assunto é desenvolvimento humano.
O evento cresceu e se transformou no que a organização descreve como uma comunidade global, na qual estão empenhados/as “educadores, empreendedores criativos, líderes sociais e empresariais, criadores, pesquisadores e outros agentes de mudança para promover e conectar iniciativas que promovam a criatividade e a inovação para o desenvolvimento social, tecnológico e econômico sustentável.”
Este ano, o quinto após a ONU ter oficializado a data, o movimento conta com o engajamento de 120 cidades ao redor do mundo e lança mais uma vertente, a primeira edição do World Creativity Festival (Festival Mundial da Criatividade). Salvador, na Bahia, foi eleita como a “Capital Mundial da Criatividade 2022-2023” e será a cidade sede do evento.
A partir desse contexto, fica mais fácil compreender o motivo da ONU considerar a data tão importante, já que ela representa a união de diversos setores em favor do uso da criatividade e da inovação para que o desenvolvimento econômico, social e sustentável não seja apenas possível, mas que seja também mais rápido a partir de soluções inovadoras.
Mas o que realmente significam criatividade e inovação? E qual é o papel das empresas na aplicação disso para uma sociedade melhor?
Ao aplicar a criatividade e inovação em suas propostas, projetos e ações no dia a dia, as empresas têm papel fundamental, principalmente quando consideramos que elas podem, e devem, ser responsáveis pelas comunidades em que se inserem e pela colaboração no desenvolvimento da sociedade.
Vale destacar que isso também está diretamente relacionado às práticas que uma empresa adota para se tornar mais responsável em termos ambientais, sociais e de governança.
Ou seja, unir criatividade e inovação aos processos cotidianos é importante tanto para o desenvolvimento das empresas em si quanto para o desenvolvimento da sociedade em que ela está inserida. Ao fim, os resultados acabam se expandindo de maneira global, ao atingirem melhorias para todos e todas.
Para entendermos como essas características podem influenciar diretamente uma empresa e a sua forma de atuação, conversamos com Lilian Veltman, consultora em Gestão Estratégica e Inovação na Synergia. Confira a entrevista!
Redação: Lilian, para você o que é criatividade e inovação no contexto do trabalho da Synergia?
Primeiro, precisamos entender a diferença entre inovação e criatividade, e o motivo de tantas empresas estarem investindo em inovação de uns anos para cá.
A criatividade é no pensar, é uma coisa que todo mundo tem, uma capacidade de raciocínio, de se localizar. Temos também a inteligência criativa, mas a inovação é a ação disso.
Entendendo esse diferencial, conseguimos ver que, de uns anos para cá, pensando historicamente de uns 20 ou 30 anos, as empresas eram mais reconhecidas quanto maiores fossem, o que valia era a capacidade produtiva delas. Então, dentro do espaço que elas ocupavam no mercado, para inovarem elas mantinham centros de estudos e centros de pesquisas caríssimos.
Hoje, podemos dizer que vence a empresa com a maior agilidade e com a maior capacidade de experimentar. Este é atualmente o grande diferencial das empresas que crescem.
A Synergia, por exemplo, vive uma situação interessante, porque ela presta serviços para empresas super tradicionais, aquelas empresas que fazem planejamento estratégico de longo prazo – em que a inovação é muito centrada em tecnologia e em procedimentos e processos burocráticos. E para prestar serviços para essas empresas, a Synergia tem a inovação como um valor fundamental.
É como se ela navegasse entre o modelo das startups, que é um modelo de times multidisciplinares em que as pessoas trabalham juntas para resolver um problema em comum e adaptam rapidamente os seus planejamentos, mas também se pautando e se direcionando por processos e fluxos organizacionais bem consolidados pelos procedimentos da ISSO – enfim, também pelo modelo mais tradicional.
Para garantir a inovação, a Synergia mantém esses modelos que atendem às respostas que os clientes precisam de uma forma mais tradicional, mas fomenta a autonomia das lideranças, tem processos de decisões rápidas, estimula a cultura do erro na empresa e não tem punição para quem experimenta novas ideias. Ao contrário, é uma empresa que fomenta novas ideias.
Acredito que essa é a grande questão, uma empresa que é voltada para inovação e que presta serviços pensando em inovar, que pensa em uma governança inovadora. Nossa ideia sempre foi de ter uma estrutura que integra inovação e gestão estratégica, isso já demonstra a intenção da empresa de gerir e inovar de ponta a ponta, tanto na governança quanto nos serviços.
Redação: Como é feita essa adaptação entre o modelo que a Synergia usa, que tem essa pegada de startup e de inovação, e o trabalho com clientes mais tradicionais?
É um investimento da empresa em tecnologia para criar soluções para atender a esses clientes, garantindo para eles os registros que precisam, a assertividade da solução.
No teste e na experiência, uma coisa superimportante é a cultura do erro, que significa que você deve errar para acertar. Ela acontece em processos de experiências internas da empresa, mas não com o cliente. Para o cliente, levamos soluções muito precisas, já experimentadas e com resultados que conseguimos registrar e comprovar. Então, essa tecnologia é um processo, um fermento que acontece internamente.
Atuamos com a tecnologia tanto para desenvolver essas soluções quanto com metodologias para aprimorar, seja de educação social, de relacionamento comunitário, de incorporar os novos conceitos socioambientais dentro das práticas de trabalho. A Synergia está sempre trazendo e aprimorando esses conceitos de diversidade, de direitos humanos, de sustentabilidade. Hoje, já com diretrizes ESG tanto internas quanto no desenvolvimento de produtos ESG para os clientes.
Redação: Atualmente, em quais frentes você vê mais inovação na Synergia?
A busca pela inovação é geral, inclusive na própria gestão. Gestão estratégica e inovação estão integradas dentro da Synergia como uma característica da empresa de estar sempre preparada para realizar mudanças profundas, estruturantes. Temos um dinamismo muito forte de governança porque realizamos sempre mudanças profundas, inclusive com apoio de consultorias de ponta em termos de inovação e gestão. Isso faz com que seja transversal a todas as áreas.
Mas posso citar algumas, por exemplo, o produto de cadastros e pesquisas, de inteligência de dados. Temos um sistema de inteligência chamado SIS Pesquisa (Sistema de Inteligência Socioambiental), que permite um cruzamento de dados de diversos formatos com uma possibilidade de acompanhamento on-line de pesquisas por dispositivos eletrônicos. Mas o que ele tem de mais interessante é a própria forma de integração e interação desses dados complexos. É um sistema muito importante para qualquer tipo de monitoramento, de cadastro, de necessidade de um conhecimento – seja territorial, seja censitário, seja cadastral de uma comunidade. Somos uma das empresas mais avançadas nesse sentido, pela agilidade que temos de fazer esses levantamentos.
Outra frente que temos, e é bastante inovadora, é o nosso método de Educação Socioambiental. Enfrentamos a pandemia com o desenvolvimento de técnicas absolutamente inovadoras, para conseguir trabalhar tanto Educação Ambiental de trabalhadores/as quanto de comunidades. Nos adaptamos muito rapidamente em função de ter essa flexibilidade e capacidade de experimentar. Isso deu bastante segurança no processo.
Já trabalhávamos com métodos como comunicação não violenta, pedagogia social e cartografia social, entre outros. Temos uma série de ferramentas sociais e de diagnóstico rápido participativo, ferramentas inovadoras que saem daquela história de participação social via reunião, votação e assembleia e entram em uma situação de qualificação das comunidades e das pessoas para poderem atuar de uma forma participativa.
Outra frente que temos é justamente a de rastreabilidade. Ou seja, monitoramento seja do que for. A capacidade que a Synergia tem de integrar fontes secundárias com um potencial analítico e técnico faz com que consigamos extrair análises, estudos e diagnósticos com muita rapidez a partir de dados secundários.
Exemplo disso é o que vem sendo feito com os focos de incêndio. Conseguimos trabalhar com esses relatórios de focos de incêndio a partir de fontes secundárias, mas já criando todo um alerta para os riscos da proximidade desses focos com determinadas comunidades ou determinados territórios.
A inovação da Synergia reside muito na parte técnica, de conseguir cruzar dados com conhecimentos, trabalhando exatamente a junção de ferramentas desenvolvidas pela equipe de Tecnologia da Informação e seus aplicativos, com um corpo técnico que consegue saber onde estão os dados que eles vão precisar para saber determinadas análises. Isso é uma inovação muito importante para os clientes, essa capacidade de integrar a tecnologia com o conhecimento.
Redação: Como essas práticas de inovação na Synergia podem colaborar com as comunidades atendidas?
Os conceitos de inovação que usamos pensando nas comunidades sempre são voltados para a maior participação, maior transparência e maior rapidez nos resultados. Por exemplo, quando usamos uma ferramenta como o SIS para fazer um reassentamento ou outros serviços, temos uma grande agilidade na análise da documentação, na análise do polígono, na caracterização e na formação dos grupos de interesse, o que vai permitir oferecer uma solução mais adequada.
Conseguimos trabalhar de uma forma em que todo o desenvolvimento e as metas do trabalho possam ser resgatadas e expostas em segurança para o cliente. Como nos trabalhos em um situação de desastres, por exemplo, é muito importante porque o cliente vai ser questionado. Precisamos oferecer os elementos para que ele demonstre o caminho que está percorrendo para construir a solução dele. E conseguimos fazer isso porque temos toda essa questão de base de dados integrados, os formulários bem complexos e analisados.
Para o cliente, tem a segurança e a credibilidade de que as ferramentas que a Synergia utiliza geram resultados. Para a comunidade, tem essa questão da rapidez da solução, da transparência, da participação e do compartilhamento. Temos uma relação com a inovação que não tem a ver só com inovação, mas tem a ver com a postura da Synergia em relação ao trabalho com as comunidades, que é de sempre ter um experiência de troca e de se colocar em posição de igualdade com quem estamos trabalhando.
A inovação sempre auxilia o desenvolvimento, porque transforma criatividade em ação. O mundo é abundante em soluções. Na verdade, somos capazes de ter soluções para quase tudo. Ao inovar e ter essa atenção para a inovação, como empresa, estamos dando uma abundância de ferramentas, de capacidade de desenvolvimento e de potencial para a criação de soluções.
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