Publicado em: 28/03/2023
Por meio do apoio à cadeia produtiva do cacau e à implementação de cantina comunitária, entre outras ações, a Synergia tem buscado fortalecer uma agenda de conservação baseada na superação da pobreza e na promoção de melhores condições de vida nas comunidades tradicionais amazônicas, que são as que hoje interagem de maneira mais intensa com as paisagens naturais.
E para promover a conservação da natureza e da biodiversidade na Amazônia, se faz necessária uma abordagem de desenvolvimento que coloque as pessoas no centro do debate e do planejamento. Por debaixo do dossel da floresta que vemos nas imagens de satélite, habitam pessoas – cujos conhecimentos e práticas de manejo fazem parte da natureza há milênios. O bioma amazônico detinha traços marcantes das mãos humanas, mesmo antes da sua ocupação massiva pós-colonização. Somos agentes da natureza e não seres que a observam de fora.
Para um futuro possível, que garanta um clima amigável, precisamos aprender novas formas de convívio que permitam, ao mesmo tempo, a melhoria das condições de vida e a manutenção dos fluxos das florestas e rios.
Desde sempre, os/as habitantes das florestas, assim como todas as pessoas, tomam decisões baseadas em suas condições materiais de vida. Assim, assegurar alternativas sustentáveis de renda às populações da floresta, que as permitam acessar condições dignas de vida, é uma condição decisiva para alcançar o desmatamento zero. Não existe uma agenda viável de conservação da Amazônia que não encare esta realidade.
Em paralelo às ações de comando e controle do desmatamento, é preciso fortalecer cadeias que gerem renda nas quais as comunidades amazônicas desempenhem o papel de parceiras centrais na gestão e no cuidado com a floresta.
Estudo recente do Instituto Escolhas aponta que promover na Amazônia Legal a redução de 1% no número de pessoas em extrema pobreza, e 1% das pessoas em situação de pobreza, tem o potencial de diminuir em mais de 5% o desmatamento.
Imbuída deste entendimento e firme em sua missão de fortalecer efetivamente o desenvolvimento sustentável da Amazônia, a Synergia vem trabalhando – desde maio de 2022 – com populações ribeirinhas da Estação Ecológica (ESEC) Terra do Meio, no Pará, em uma das linhas de ação de seu projeto autoral Redes do Médio Xingu.
A ESEC Terra do Meio é uma unidade de conservação que possui impressionantes 3,3 milhões de hectares, uma área superior à do estado de Alagoas, e acolhe uma riquíssima sociobiodiversidade: espécies ameaçadas, como o coatá-de-testa-branca, e comunidades ribeirinhas que possuem modos de vida por meio dos quais se reproduzem saberes históricos sobre o manejo da floresta.
Dada sua grande distância dos centros urbanos, as alternativas atuais de comércio apresentam preços às vezes mais de 100% superiores aos praticados nas cidades. Por isso, a Synergia está apoiando o estabelecimento de uma cantina comunitária, por meio da qual as famílias moradoras poderão acessar itens básicos de alimentação e higiene por preços mais razoáveis.
Além do suporte para a implementação da cantina comunitária, o apoio à cadeia produtiva do cacau tem sido um dos destaques do trabalho da Synergia na região. A empresa tem colaborado em diversas frentes para que oito famílias produtoras de cacau aumentem os seus potenciais de produção e distribuição.
É importante destacar que a cultura do cacau apresenta alto potencial de geração de renda, compatível com os atributos de conservação dessa Unidade de Conservação e os limites impostos pelo ICMBio à prática agrícola.
Esse cacau de várzea – cultivado em sistemas agroflorestais, consorciado com espécies nativas – apresenta diversas vantagens, que o colocam como alternativa viável de cadeia produtiva sustentável. Primeiramente, pela área modesta que a cultura demanda: cada hectare abriga cerca de 1.100 pés de cacau, de modo que entre 3 e 5 hectares já são suficientes para a força de trabalho de uma unidade familiar, de acordo com a CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira).
Além disso, o calendário do cacau se articula bem com as demais atividades da cultura ribeirinha. A coleta da castanha-do-pará, por exemplo, carro-chefe da economia do beiradão, concentra os esforços de trabalho de fevereiro a abril, enquanto a safra principal do cacau acontece entre maio e junho.
O cacau também tem uma estabilidade maior de mercado, com demanda constante e preços com menor variação, ao passo que a castanha, por exemplo, tem sofrido grandes variações de preço e uma demanda mais complexa.
O apoio da Synergia contempla todas as dimensões da cadeia produtiva do cacau:
O projeto de fortalecimento da agenda de conservação na Amazônia seguirá ao longo de 2023.
Texto elaborado por Mario Braga de Goes Vasconcellos – Especialista de Estudos Socioterritoriais
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