Publicado em: 26/06/2023
A cadeia produtiva do cacau da Terra do Meio é uma das principais frentes do Projeto Redes do Médio Xingu, desenvolvido pela Synergia, com o objetivo de apoiar a geração de renda das famílias ribeirinhas da Estação Ecológica Terra do Meio, que é uma extensa área protegida no Pará.
A cacauicultura apoiada pela Synergia é feita por meio de assistência técnica e extensão rural (ATER), com base em técnicas agrícolas, saberes tradicionais e arranjos produtivos, que auxiliam desde o plantio até o escoamento do cacau e a busca por acesso ao mercado de cacau.
O Projeto Redes do Médio Xingu apoia um modelo produtivo baseado em sistemas agroflorestais, sem agredir o meio ambiente. Isso acontece porque é uma agricultura que captura, em média, 16 toneladas de carbono por hectare, ao ano.
Além disso, o plantio do cacau é feito em conjunto com outras espécies, como copaíba e andiroba, que promovem sombra ao cacau e maior circulação da fauna local pela cacauicultura. Também é utilizado o cacau híbrido, que possui maior resistência, pois é cultivado com diversas variantes do cacau. Tais fatores agregam valor ao cacau produzido.
A cadeia produtiva do cacau é uma grande oportunidade de geração de renda para as famílias da Esec Terra do Meio. De acordo com a Comissão Executiva de Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), uma família consegue cuidar, em média, de uma área de 5 hectares de cacau, o que corresponde a 5 mil pés da cultura. Com cada pé produzindo cerca de 1 kg ao ano, é possível colher até 5 toneladas de cacau.
Para além do cultivo, é importante conhecer a história das famílias que fazem parte da cadeia produtiva do cacau da Terra do Meio e que, muitas vezes, se cruzam por laços de sangue. Além disso, trata-se de uma forma de compreender a realidade da floresta, que depende do respeito humano para se manter viva.
Conheça as famílias produtoras do cacau da Terra do Meio:
Domingas e Raimundo Nazário
O casal Domingas e Raimundo vive em Império Sorriso Bonito, às margens do Rio Iriri. No começo da assistência técnica, Raimundo parecia desconfiado, dava a entender que não estava muito de acordo com o que ouvia. Mas, por ter muito conhecimento da roça, do solo e do ambiente ao redor, entendeu rapidamente as instruções e pegou o jeito do cacau.
Os 2.700 pés plantados crescem com vigor em Sorriso Bonito, o império dos otimistas Raimundo e Domingas, e devem gerar 250 quilos de colheita.
Marilene e Rosinaldo Gomes
Rosinaldo e Marilene têm 5 mil pés de cacau plantados em sua lavoura. Rosinaldo é filho de Raimunda Gomes, a moradora mais idosa da Esec Terra do Meio. A família Gomes cultiva sua roça com apreço aos detalhes e seguindo as orientações técnicas que recebem para aplicar em seus 5 mil pés plantados. A previsão é colher cerca de duas toneladas de cacau.
Benedito Gomes (Benê)
Benê também é filho de Raimunda Gomes. Sua roça fica mais distante da beira do rio, a cerca de 2 km por um caminho que, na estação chuvosa, se percorre de canoa mata adentro.
Sua roça é nova, tem cerca de dois anos, e Benê está animado para fazer novos plantios com as técnicas de sombreamento que aprendeu nas sessões de assistência técnica. Benê tem se dedicado bastante ao cacau e tem expectativas de ótima colheita esse ano.
Cleonice e José Gomes
José Gomes, conhecido por Zé Boi, é a principal referência entre os moradores da Esec Terra do Meio. Seu apelido deve-se à sua força física, capaz de carregar grandes quantidades de castanha.
Zé Boi e sua esposa, Cleonice (Nicinha), inspiram os moradores e moradoras da região pela disposição em aprender e investir em sua roça, cuidando do futuro de seus filhos, noras e netos/as que vivem ao redor de sua propriedade, hoje com 9 mil pés de cacau e uma expectativa de colheita de 2,5 toneladas em 2023.
Naldo e Francisca
Naldo e Francisca fazem parte da família de Zé Boi e Nicinha. Francisca herdou a capacidade de trabalho de seu pai e sua mãe e inspirou o marido, Naldo, que possui talento também de carpinteiro. Naldo é constantemente chamado para construir barcaças e cochos para a produção do cacau.
Sua roça cacaueira não é das maiores, tem cerca de 3.500 pés plantados, mas sua expectativa de colheita para 2023 é otimista: 250 quilos de Cacau da Terra do Meio.
Maria e Roberto Gomes (Tijubina)
Maria e Tijubina são considerados/as os/as maiores entusiastas da cultura do cacau na Esec Terra do Meio. Não é raro encontrar Tijubina vendendo seus sacos de farinha e de milho para gerar renda e investir na cultura do cacau, pois vê nela a oportunidade de melhorar as condições de vida de sua família.
O casal tem 5 mil pés de cacau plantados e um planejamento consistente para aumentar sua colheita ano a ano.
Chiquinha e Zé Mineiro
Chiquinha costuma receber o técnico da Synergia sempre com bom humor: “que bom ter você aqui, homem de Deus”, diz ela já listando suas dúvidas sobre a plantação. A roça cacaueira de Zé Mineiro e Chiquinha guarda memórias dos tempos da matriarca, Maria, que já se aventurava na cultura do cacau mesmo antes da implantação da cadeia produtiva.
Atualmente, Zé Mineiro e Chiquinha têm 4 mil pés de cacau plantados e uma expectativa de safra de 250 quilos em 2023.
Tica e Edson
Tica e Edson cuidam juntos/as de sua roça de cacau e aproveitam cada segundo da assistência técnica para tirar dúvidas e entender o processo. Tica gosta de lembrar que, no início, resistia ao uso da técnica de poda do cacau, pois “dava dor no coração”. Depois, ao ver como a planta reagia às podas, mudou de opinião e entendeu que era para o bem de sua roça.
Este ano de 2023, o casal está com expectativa de que seus 5 mil pés plantados gerem uma safra de cerca de 400 quilos de Cacau da Terra do Meio.
A colheita e o escoamento são os próximos passos da cadeia produtiva do cacau e, como apoio, a Synergia custeará o frete para locomover toda a produção da safra que irá para o paiol da cantina da Esec Terra do Meio.
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