Em 2023, ao iniciar o Projeto Entre Rios, em Maracaçumé (MA), a startup re.green encontrou um desafio: entender as dinâmicas socioeconômicas e ambientais do território, que já contava com pessoas e comunidades que, de forma direta ou indireta, possuíam vínculo com a Entre Rios.
A re.green – empresa brasileira de restauração de florestas nativas, que restaura ecossistemas degradados em larga escala – como uma empresa comprometida com seus valores de sustentabilidade e conservação da biodiversidade, viu no território o cenário ideal para seu projeto de captura de CO2 e incentivo ao manejo florestal sustentável por meio da venda de créditos de carbono e produtos da floresta.
No entanto, para que seu objetivo pudesse ser alcançado com êxito, a re.green precisava entender as expectativas das pessoas em relação às mudanças após a sua chegada, conhecer as necessidades específicas de cada grupo que compõe o sistema já formado dentro do projeto Entre Rios e, assim, poder atuar para o desenvolvimento do território.
A propriedade de 18.4 mil hectares, conta com quase metade dessa área degradada por pastagens – porém, com perspectivas de restauração. Já a parte preservada é o território que concentra as atividades das populações que moram ao redor da área, com o extrativismo agroflorestal, apicultura, pesca, caça e a coleta de produtos diversos, como açaí, bacaba, pequi, entre outros.
Para isso, a re.green contratou a Synergia Socioambiental, que ficou responsável por conhecer as pessoas com vínculo com a Entre Rios, mapear e caracterizar esses sujeitos e grupos, bem como realizar a consulta formal às comunidades locais – importante elemento para a certificação de carbono almejada pela re.green – e, a partir daí, criar condições para o estabelecimento de iniciativas e programas neste território.
Selma Singulano, gerente de projetos na Synergia, aponta que “o desafio de mapear e consultar atores locais neste projeto não apenas testou nossa capacidade de inovação, uma vez que se tratou de experiência pioneira com a temática de crédito de carbono na Synergia, mas também solidificou nosso compromisso com o impacto positivo nos territórios que atuamos”.
Após as etapas iniciais de identificação e reconhecimento territorial, a Synergia começou a fase de caracterização, por meio de pesquisas socioeconômicas. Nessa nova etapa, dedicada à pesquisa quantitativa, foi possível mapear e entender dados como a faixa etária, gênero, renda, frequência e principal modo de acesso dessas pessoas à Entre Rios, entre outros elementos que ajudaram a compor o cenário.
As pesquisas, realizadas com as pessoas indicadas a partir do levantamento feito com stakeholders locais, apontaram que 173 destas possuíam vínculo com a Entre Rios, muitas com alto nível de dependência em relação à propriedade.
O mapeamento dos atores locais, em especial a identificação e caracterização socioeconômica, demonstrou que as famílias ali presentes, em geral, vivem em situação de potencial vulnerabilidade, e utilizam a Entre Rios como fonte de alimentos e renda.
A partir desse levantamento, a Synergia pôde realizar ações efetivas para colaborar com o desenvolvimento local, como a produção de um calendário participativo e unificado com as atividades realizadas no território. Além disso, foi possível fazer recomendações estratégicas para a mitigação de riscos e impactos negativos. Por fim, a atuação pode impactar no aprimoramento do relacionamento com as comunidades, tão importante para que ela seja uma valiosa aliada da empresa na operação, conservação e cuidado com a propriedade.
Para Gabriel Berton Kohlmann, coordenador de projetos na Synergia, o trabalho da consultoria com a re.green cumpriu uma importante etapa para a certificação do crédito de carbono a ser gerado e comercializado pela empresa no local. O coordenador destaca que a atuação da Synergia permitiu à re.green iniciar um relacionamento cooperativo com as comunidades, colaborando, inclusive, com as bases para a implantação de sistemas agroextrativistas coletivos e comunitários, que podem potencializar os ganhos e compartilhamentos de benefícios sociais e a valorização dos insumos e produtos da floresta: “O processo de consulta foi bastante rico ao permitir que a comunidade expusesse suas expectativas e dúvidas em relação à operação, e, de forma participativa, fizesse sugestões e demandas para a empresa. Assim, foi possível a construção de matrizes de risco, impacto e recomendações com alto nível de detalhe e que carregasse as visões e governança do território junto à comunidade”, afirma.
Além dos benefícios esperados pela empresa em relação às comunidades, a atuação da Synergia resultou na produção de um plano de trabalho, de um relatório de identificação, mapeamento e caracterização dos atores locais, de um relatório e-book de evidências de consulta às partes interessadas, e no relatório final de consulta aos atores locais, da Matriz de stakeholders e da Matriz preliminar de impactos.
Setor de atuação: Restauração Florestal
Local: Maranhão
Período: 2023
Cliente: re.green
Abrangência: Município de Maracaçumé e cidades ao entorno: Amapá do Maranhão, Cândido Mendes, Centro do Guilherme, Centro Novo do Maranhão, Governador Nunes Freire e Junco do Maranhão
Objetivo: Identificação, caracterização e consulta às populações locais que possuem vínculo ou podem vir a fazer parte das atividades agroflorestais realizadas no Projeto Entre Rios, em Maracaçumé (MA), território da re.green.
Resultados: Desenvolvimento da relação e fortalecimento do vínculo entre a re.green e as comunidades locais; Elaboração de base de estudos territoriais para compor e subsidiar ações em campo, bem como produtos a serem entregues, com análises espaciais e produção cartográfica; Produção do relatório final de consulta aos atores locais, da Matriz de stakeholders e matriz preliminar de impactos, que serão extremamente importantes tanto para direcionar os trabalhos que já estão sendo realizados pela população local, quanto para o desenvolvimento social futuro no território.
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