Campanha

Mês do Meio Ambiente Synergia

Publicado em: 02/06/2023

Mês do Meio Ambiente - praia poluída com plástico

 

Acompanhe o Mês do Meio Ambiente Synergia! Um mês inteiro voltado para a conscientização sobre a importância da preservação, conservação, regeneração e sustentabilidade, além de tantas outras ações que impactam diretamente nos cuidados que todos e todas nós precisamos ter com a natureza que nos cerca.

 


Há alguns anos, a Synergia investe na Semana do Meio Ambiente, com ações externas e internas voltadas para a sua celebração. A escolha da primeira semana de junho também foi feita para remeter e dar vazão às discussões trazidas no Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho – data mundial estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em 1974.

Este ano, também em alinhamento com a campanha global do Dia Mundial do Meio Ambiente, vamos dar destaque ao tema do plástico e do combate à sua poluição. Porém, desta vez, vamos dedicar o mês inteiro para as discussões acerca desse assunto!

Mês do Meio Ambiente - cooperativa de reciclagem
Cooperativa de reciclagem. Fotomontagem da Synergia sobre foto de Tony Capellão/Prefeitura de Canoas

Ou seja, ao longo deste mês, aqui na página da Campanha Mês do Meio Ambiente Synergia e em nossas redes sociais, você vai conferir muito conteúdo dedicado à sensibilização ambiental para empresas, governos, organizações e pessoas de todos os lugares que queiram se engajar e entender mais sobre temas como:

  • Impacto do plástico nos oceanos e recursos hídricos no Brasil 
  • Economia circular no Brasil, exemplos de redução no uso de plásticos 
  • Realidade das cooperativas e dados sobre a reciclagem do plástico no Brasil 

E muito mais…

Ah, e este ano, temos mais uma novidade: além do conteúdo produzido pela equipe de Comunicação e Marketing da Synergia, você ainda vai conferir textos produzidos em parceria com os/as especialistas da área de Sustentabilidade e Responsabilidade Social e do Núcleo de Educação Socioambiental da Synergia.

É muito conteúdo de qualidade para você. Confira agora a campanha, atualizada semanalmente!

 

#1 – Publicação de 02/06


Amanhã, 03/06, é celebrado o Dia Nacional da Educação Ambiental. E a Synergia conta com um Núcleo de Educação Socioambiental dedicado especialmente às temáticas de Educação, Meio Ambiente e Sustentabilidade, sempre atento ao desenvolvimento de novos métodos e abordagens que tragam conhecimento e aprendizagens efetivas nos nossos territórios de atuação.

Por isso, antes de nos aprofundarmos no tema principal da campanha – o plástico – não poderíamos deixar de iniciar o Mês do Meio Ambiente Synergia com uma homenagem à data e reforçar que a Educação Ambiental pode ser o início de uma relação mais amigável entre nós e a natureza e, além disso, um dos fatores principais na luta contra a poluição, principalmente a do plástico.

Confira o texto desta semana!

Mês do Meio Ambiente e o Dia Nacional da Educação Ambiental

A educação ambiental adquire uma importância crucial diante da crescente negligência humana sobre os limites da natureza para a manutenção das condições que permitem a perpetuação da vida na Terra.

Sociologicamente denominada como civilização pós-moderna, e geograficamente referida como a era do Antropoceno, a época atual é marcada pela insustentável persistência de um sistema econômico baseado na produção e consumo incessantes de mercadorias das mais variadas ordens. Enfrentamos seus efeitos colaterais que culminam nas emergências climáticas, expressas em eventos extremos relacionados ao aumento da temperatura global, com impactos significativos e destrutivos em ecossistemas, comunidades humanas e na biodiversidade. Esses eventos são caracterizados por intensidades incomuns, como secas severas, ondas de calor, inundações e aumento do nível do mar.

Mês do Meio Ambiente - lixão à céu aberto
Educação Ambiental é fundamental para mudar o futuro do descarte do plástico e de outros materiais. Fotomontagem da Synergia sobre foto Adobe Stock

Nesse contexto, a educação ambiental desempenha um papel fundamental na promoção de conhecimentos, habilidades e valores necessários para que as pessoas entendam as implicações dessa engrenagem formada entre o meio ambiente, a economia e a sociedade, para que, assim, possam tomar atitudes condizentes e conscientes com os desafios a serem enfrentados. Ela também possibilita a participação mais qualificada das pessoas sobre os rumos dos recursos naturais de sua região, abrindo margens a reflexões sobre o ônus e o bônus de toda essa apropriação da natureza.

Você já ouviu falar de justiça ambiental? Pois bem, ela assenta suas bases nas desiguais repartições entre ônus e bônus da exploração da natureza. Revelar as desiguais condições materiais na vida das pessoas, revelar os possíveis impactos climáticos para as populações mais vulneráveis – sendo que são essas as que menos interferem no ciclo do carbono na atmosfera – parece ser uma condição sine qua non para a educação ambiental que queira ser chamada de educação crítica.

Mês do Meio Ambiente - comunidade atingida por desmoronamento
Consequências da poluição ambiental afetam de forma desigual as populações mais vulneráveis. Fotomontagem da Synergia sobre foto de Tania Rêgo/Agência Brasil

No Dia Nacional da Educação Ambiental, é importante fazer uma reflexão sobre os caminhos de sua prática. Neste momento, reconhecemos a necessidade de fortalecer a educação ambiental como ferramenta de conscientização, mobilização e transformação social por meio de uma educação mais crítica, sincera e relacionada aos fundamentos centrais da crise ambiental que enfrentamos.

É um chamado para educadores/as, gestoras e gestores públicos e toda a sociedade se unirem em prol de um futuro sustentável, onde a justiça ambiental seja uma realidade para todos e todas.

***

NOTA: O Núcleo de Educação Socioambiental da Synergia lamenta profundamente o falecimento da Professora Doutora Michele Sato, no dia 16 de maio de 2023.

Mês do Meio Ambiente - Professora Doutora Michele Sato
Professora Doutora Michele Sato. Fotomontagem da Synergia sobre foto do PBN Online

Sato dedicou sua vida à educação ambiental, desempenhando um papel crucial na formação de profissionais comprometidos/as com a preservação do meio ambiente e na produção de conhecimentos científicos voltados para a educação e a sustentabilidade.

Que sua memória seja lembrada e que sua contribuição continue a inspirar e guiar aqueles/as que compartilham do compromisso de preservar e cuidar do meio ambiente. Seu trabalho e dedicação deixam um exemplo valioso para nós.

 

#2 – Publicação de 09/06


A pegada de carbono e o ciclo de vida do plástico

A Pegada de Carbono tem sua perspectiva relacionada a um produto ou serviço, considerando todas as emissões de sua cadeia de valor, em uma abordagem que vai “do berço ao túmulo”. Ou seja, desde a retirada da matéria-prima da natureza e sua introdução aos processos da organização, até a sua destinação final, por exemplo, em seu processo de envio ao aterro ou incineração. Quando falamos sobre plásticos, seu ciclo de vida é o percurso feito por qualquer produto de plástico, desde a extração e processamento de suas matérias-primas até o seu pós-descarte.

Cientificamente, sabe-se que todo o plástico já produzido no mundo faz parte do ciclo do carbono, sendo grande parte oriunda de produtos químicos extraídos de reservatórios de carbono fóssil. No entanto, o impacto dos plásticos – e de seu ciclo de vida relacionado com o ciclo do carbono – para as mudanças climáticas ainda é pouco estudado pela área acadêmica.

O plástico transporta o carbono de diferentes maneiras, podendo ser incorporado a organismos vivos ou assentar no fundo dos oceanos como agregados de plástico e matéria orgânica. Além disso, também pode liberar gases do efeito estufa em todas as fases de seu ciclo de vida, desde a produção e o transporte até o descarte de resíduos.

Mês do Meio Ambiente - lixão à céu aberto
Poluição por plástico impacta diretamente nas mudanças climáticas. Fotomontagem da Synergia sobre foto Adobe Stock

Sendo assim, observamos que a poluição por plásticos, além de ter seu próprio ciclo de vida, desempenha um papel fundamental no ciclo do carbono – o movimento do carbono entre diferentes reservatórios, como a atmosfera, os oceanos e os organismos – cuja análise é muito relevante para o estudo das alterações climáticas.

Nesse contexto, percebemos que a poluição por resíduos – em específico, o plástico – e as mudanças climáticas são duas questões proeminentes de nosso tempo. São as duas faces da mesma moeda, isto é, a maioria dos polímeros plásticos é feita de matéria-prima petroquímica, e suas matérias-primas para síntese são propeno e etileno. Esses compostos são derivados da nafta, um dos vários produtos químicos refinados do petróleo. No entanto, para esse refino, são utilizados combustíveis, ou seja, a gasolina, que é queimada para produzir energia, emitindo os gases do efeito estufa.

Por mais que no passado já tenha sido considerado uma descoberta milagrosa que facilitava a vida das pessoas em todo o mundo, atualmente, através da exploração de combustíveis fósseis, o uso insustentável de materiais plásticos vem fomentando uma catástrofe ambiental global. É fato que a poluição por plástico tem afetado a todas as partes do planeta, desde os rios espalhados por todo o globo até os oceanos – e o próprio ar que respiramos.

Mês do Meio Ambiente - garrafas de plástico em produção
Produção crescente supera a capacidade de gerenciamento do plástico descartado. Fotomontagem da Synergia sobre foto Adobe Stock

Na contramão da sustentabilidade, a produção e o uso crescente do plástico superaram a capacidade da sociedade gerenciá-lo de modo eficaz até o fim de sua vida útil. Em outras palavras, o manejo do plástico, um material tão útil e versátil, se desenvolveu de modo não sustentável.

Na cidade de São Paulo, em média, 18 mil toneladas de lixo são coletadas todos os dias, apenas 4% dos resíduos (incluindo os feitos de plástico, parte significativa desse total) são reciclados. O restante segue diretamente para os aterros sanitários, onde são inutilizados e contribuem para a poluição. Um ciclo de vida do plástico mal gerido dá brecha para que esse tipo de produto escape para o meio ambiente.

Estimativas indicam que até 2050, os oceanos terão mais plásticos do que peixes. Além disso, está confirmado: o intestino humano também tem microplásticos. Isso muito provavelmente porque o plástico já entrou na cadeia alimentar. Ele está nos alimentos, na água e no ar.

Mês do Meio Ambiente - frutas e legumes embalados em plástico
O microplástico está em todas as partes, e pode acabar em nossa alimentação. Fotomontagem da Synergia sobre foto Adobe Stock

Uma sociedade bem desenvolvida deve levar em conta o Ciclo de Vida do Plástico na gestão de todos os processos sociais, políticos e econômicos, de forma que os impactos socioambientais desse tipo de produto sejam sempre os menores possíveis.

Dessa forma, ao estabelecer a conexão entre o plástico e as mudanças climáticas, se faz necessário que o campo científico reconheça as emissões de gases de efeito estufa produzidas pelos plásticos e que se estabeleçam ações para administrar melhor o problema e tornar mais eficaz o ciclo de vida desse produto.

 

#3 – Publicação de 16/06


Impacto do plástico nos oceanos e recursos hídricos no Brasil

A utilização de utensílios e embalagens plásticas é algo comum na vida de muitas pessoas. Muitas vezes, após a utilização ou consumo de certo produto, fazemos o seu descarte em lixeiras comuns ou de coleta seletiva e nos sentimos seguros em dizer que nosso resíduo, por mais que não seja reciclado em um momento posterior, foi destinado corretamente e será disposto em um aterro sanitário, longe de apresentar perigos para animais marinhos. Para aquelas pessoas que vivem a quilômetros de áreas litorâneas, essa afirmação parece ser ainda mais consistente, afinal não há como o resíduo percorrer grandes distâncias como essas.

Mês do Meio Ambiente - homeme em barco com plástico cobrindo água ao redor. Foto Adobe Stock
Mais de 1000 rios são responsáveis por 80% de toda a poluição que chega ao oceano. Fotomontagem da Synergia sobre foto Adobe Stock

Acontece que essas afirmações, na verdade, não refletem a realidade. Segundo dados do Projeto Blue Keepers, ligado ao Pacto Global da ONU, cada brasileiro/a é responsável por gerar, anualmente, aproximadamente 16 kg de plástico. Esse material está propenso a escapar para o meio ambiente, pela ação de ventos e pelo transporte por meio de rios até o oceano, devido à má gestão ou não efetivação de sua disposição final correta, totalizando cerca de 3,45 milhões de toneladas ao ano.

Em dados globais, reportados por um estudo publicado na revista Science Advances, mais de 1000 rios são responsáveis por 80% de toda a poluição que chega ao oceano. Ou seja, além dos impactos aos ecossistemas marinhos, precisamos considerar que o impacto em rios também é muito relevante.

(Não tão) difícil de enxergar

A exposição da poluição por plásticos em ecossistemas aquáticos, felizmente, já é muito bem divulgada pela mídia e por organizações mundo afora, e há consenso sobre a gravidade de seus impactos, por conta de sua visibilidade e caráter chocante das imagens.

Mês do Meio Ambiente - gaivota em meio ao plástico no mar. Foto Adobe Stock
Plásticos apresentam riscos para grandes mamíferos, tartarugas, tubarões, peixes e pássaros. Fotomontagem da Synergia sobre foto Adobe Stock

Segundo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), plásticos apresentam riscos para grandes mamíferos, tartarugas, tubarões, peixes e pássaros. Alguns dos efeitos adversos para as espécies marítimas são sufocamento, enrolamento, cortes de tecidos internos por conta de ingestão, estresse fisiológico, danos toxicológicos e morte por falta de alimentação – como os plásticos não são digeridos, levam a uma falsa sensação de saciedade no animal, que acaba deixando de se alimentar.

Outro grande problema com relação à presença de plásticos no meio ambiente é que sua fragmentação – ocasionada, por exemplo, por exposição à luz solar ou pela ação mecânica de ventos ou da água – resulta nos chamados microplásticos, partículas com até 5 milímetros de diâmetro que podem ser classificados como primários ou secundários. Primários são aqueles que foram produzidos nessas dimensões para uso direto, como “pellets”, microesferas de esfoliantes e glitters, enquanto os secundários são provenientes da quebra de material plástico de tamanho maior, como descrito anteriormente.

A presença de microplásticos em ambiente aquático merece atenção especial, não só por conta de seu tamanho diminuto, que dificulta as tentativas e viabilidade de sua remoção do meio ambiente, mas pelos impactos que podem oferecer para diversos organismos. Frequentemente ingeridos por espécies marinhas – e  como plânctons, moluscos, mariscos e peixes – os microplásticos podem ter efeitos como obstrução do trato digestivo, alterações no crescimento, na reprodução, além da contaminação por conta da associação com outros compostos tóxicos.

Mês do Meio Ambiente - mão segura areia om microplástico. Foto Adobe Stock
A presença de microplásticos em ambiente aquático gera impactos para diversos organismos. Fotomontagem da Synergia sobre foto Adobe Stock

Essas pequenas partículas podem, ainda, ser ingeridas por nós humanos/as através do ar, da água potável, ou quando comemos frutos do mar. Apesar dos riscos à saúde ainda estarem sendo estudados com mais detalhamento, há possíveis ameaças por sua acumulação em órgãos como fígado, rins, intestino e pulmões, além dos efeitos associados aos mesmos componentes tóxico, como distúrbios hormonais, respiratórios e metabólicos.

Medidas tomadas para remoção

Em relatório sobre os desafios da redução da poluição marinha no Brasil, publicado em 2020, a ONG Oceana discorre sobre a falta de efetividade de ações como reciclagem, incineração e utilização de plásticos chamados “biodegradáveis”. Dentre alguns motivos que classificam ações como inefetivas, o principal é que, em um cenário em que a produção de plástico mundial irá quadruplicar até 2050, nenhuma dessas soluções será capaz de acompanhar um volume tão grande.

Sendo assim, para o cenário brasileiro, são classificadas como parte da solução as seguintes medidas:

  • a aprovação de uma lei que regulamente o uso de plásticos de uso único;
  • que empresas que utilizam o plástico em sua produção reduzam ou zerem a quantidade que chega aos consumidores e consumidoras;
  • e que estabelecimentos comerciais – tais como restaurantes, hotéis, aeroportos, escolas, entre outros – se tornem livres de plástico.

 

#4 – Publicação de 23/06


Economia circular no Brasil – exemplos de redução no uso de plásticos

Um dos grandes problemas observados com atenção por toda a humanidade é a possibilidade de escassez de recursos naturais utilizados como matéria-prima para a produção de bens e produtos, principalmente quando se leva em consideração que o patamar de habitantes no planeta atingiu os 8 bilhões em 2022, e há estimativas de crescimento para 10 bilhões até 2080.

Essa preocupação realmente faz sentido quando observamos que o modelo primário de produção estabelecido há muito tempo, e acelerado desde a Revolução Industrial, consiste em extrair uma matéria-prima da natureza, transformá-la em um bem de consumo e destiná-la para consumidores/as que, por sua vez, fazem o descarte ao fim de sua vida útil.

Mês do Meio Ambiente Foto AdobeStock - esteira com materias em reciclagem
A maneira como hoje consumimos produtos plásticos, na maioria das vezes, é linear. Fotomontagem da Synergia sobre foto Adobe Stock

O modelo descrito acima é conhecido como economia linear e sua sustentabilidade, no sentido mais literal dessa palavra, vem sendo questionada há algum tempo e colocada em contraponto com um modelo cíclico, conhecido como economia circular. Durante a década de 70, economistas começaram a criticar esse modelo econômico insustentável e deram origem ao pensamento de buscar alternativas a ele, resultando, anos depois, no conceito de economia circular.

De acordo com a Fundação Ellen Macarthur, instituição de referência mundial na discussão sobre a economia circular, ela se baseia em três pilares:

  • Eliminar a geração de resíduos e poluição;
  • Circular produtos e materiais: manter produtos em uso ao máximo e, quando não puder mais ser utilizado, utilizar o material do qual ele é feito para outra finalidade, em um ciclo fechado;
  • Regenerar a natureza: por meio de práticas de cultivo que permitem que o solo se recupere naturalmente, utilizando resíduos compostados e matéria orgânica que seria descartada, promovendo, assim, melhor uso da terra para alimentação ou preservação de ecossistemas.

Não é difícil de chegar a uma conclusão sobre a forma de economia em que plásticos são utilizados ao redor do mundo. Sua linearidade é clara, utilizando recursos como água, energia e polímeros derivados do petróleo, cria-se um produto que é normalmente utilizado somente uma vez e, mesmo que dure mais, é geralmente descartado após seu uso. Trazer o uso de plásticos para uma visão circular é um desafio, mas é possível se redesenharmos o sistema e nossos hábitos, de forma a garantir que plásticos nunca se tornem rejeitos ou poluentes.

Sendo assim, trazer o uso de plásticos para uma abordagem circular começa com a eliminação do uso desnecessário de plásticos para embalagens, por meio de uma análise logística e adequação para a realidade e finalidade de cada produto comercializado.

Mês do Meio Ambiente Foto AdobeStock - mulher e objetos recicláveis
Soluções inovadoras para o reuso de materiais precisam ser viáveis. Fotomontagem da Synergia sobre foto Adobe Stock

É necessário também que soluções inovadoras para o reuso de materiais sejam viáveis, que o design das embalagens e o sistema de distribuição sejam pensados com um propósito claro: reutilização para a mesma finalidade ou reciclagem (transformação em um novo produto).

De ambas as formas, é importante não somente considerar de que tipo de material a embalagem é feita – seja biodegradável, compostável, ou não –, mas também considerar para onde o plástico vai após seu uso, garantindo que seja coletado e destinado corretamente, evitando escapes para o meio ambiente.

No Brasil, já existem algumas iniciativas de implementação de um modelo de economia circular que contribuem para que resíduos – plásticos ou de outros tipos – não acabem em aterros sanitários ou no meio ambiente, garantindo que o material esteja sempre em uso. Confira três exemplos!

Coca-Cola Brasil e América Latina: garrafas retornáveis

Mês do Meio Ambiente Foto Divulgação comercial da coca-cola
Fotomontagem da Synergia sobre foto Divulgação Coca-Cola

Em 2018, o grupo Coca-Cola Brasil realizou um investimento para unificar o design das embalagens de refrigerantes e tornar parte das garrafas distribuídas em modelos retornáveis.

O/a consumidor/a compra a embalagem por um preço a mais, uma única vez, no refrigerante adquirido. Nas próximas vezes em que retornar a embalagem, paga um preço reduzido. A iniciativa substitui 200 milhões de garrafas de uso único por ano e, somada ao retorno de garrafas de vidro, possui uma taxa de retorno de 90%.

Meu Copo Eco: copos reutilizáveis

Mês do Meio Ambiente Foto Divulgação pessoas segurando embalagens recicláveis
Fotomontagem da Synergia sobre foto Divulgação Meu copo Eco

Como solução para a poluição gerada por plásticos descartáveis de uso único, a empresa produz copos de plástico de alta qualidade, que podem ser alugados para um evento, por exemplo. Após o uso, são encaminhados para higienização devida, podendo ser utilizados por outros/as clientes. Os copos que não podem ser reutilizados, por conta de avarias, são encaminhados para reciclagem.

Regressa: bolsas e outros acessórios feitos de materiais descartados

Mês do Meio Ambiente Foto Site Regressa mulheres com bolsa vegana
Fotomontagem da Synergia sobre foto Divulgação Regressa

Esta marca inovadora confecciona acessórios de moda a partir de materiais que normalmente seriam descartados, como colchões infláveis, câmaras de pneu de caminhão e de bicicletas, promovendo o chamado upcycling, ou seja, transformando resíduo em um produto com boa qualidade e um bom valor comercial.

A empresa segue um dos preceitos da economia circular, o de manter um material sempre em uso. Além disso, todos os produtos da loja são veganos, sem qualquer material com origem animal em sua composição.

TerraCycle

Mês do Meio Ambiente Foto Terracycle
Fotomontagem da Synergia sobre foto de TerraCycle

Com atuação em 21 países, a TerraCycle é líder mundial em soluções ambientais de resíduos de alta complexidade.

No Brasil, a entidade atua por meio de Programas Nacionais de Reciclagem em parceria com instituições e consumidores/as. O propósito é oferecer o descarte correto de embalagens e produtos complexos, que podem ser enviados de forma gratuita pelas agências dos Correios e, ainda, apoiar entidades sociais e escolas públicas.

Esses foram apenas alguns exemplos. Em uma pesquisa rápida na internet você é capaz de encontrar muitas outras iniciativas relacionadas à economia circular e, quem sabe, descobrir um movimento próximo a sua casa para aderir ou apoiar.

 

#5 – Publicação de 30/06


Cooperativas são protagonistas na reciclagem brasileira 

A reciclagem no Brasil ainda é um grande desafio. Entretanto, as cooperativas de reciclagem são as maiores aliadas, isso porque são responsáveis por coletar 90% dos resíduos sólidos recicláveis, movimentando cerca de R$ 12 bilhões ao ano, de acordo com a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA). 

Com isso, as cooperativas geram impacto positivo tanto para o meio ambiente quanto para a economia. E, além de reduzir o impacto ambiental, também geram empregos e promovem a inclusão social.  

As cooperativas de reciclagem são responsáveis por coletar, separar e processar os resíduos sólidos destinados à reciclagem, transformando-os em matéria-prima para a fabricação de novos produtos a partir dos resíduos sólidos. 

Mulheres em cooperativa de reciclagem com a frase na camiseta: Coleta Seletiva Solidária. Fotomontagem da Synergia sobre foto Recicla Sampa
Copperativas de reciclagem são responsáveis por coletar 90% dos resíduos sólidos recicláveis. Fotomontagem da Synergia sobre foto Recicla Sampa

Entre esses resíduos, existe uma grande variação do que as cooperativas conseguem recolher, conforme Anuário da Reciclagem 2022, desenvolvido pelo Instituo Pragma: 

  • Papel – 46%; 
  • Plástico – 22%; 
  • Vidro – 16%; 
  • Metal – 14%; 
  • Alumínio – 2%. 

O anuário aponta que o plástico é o material mais rentável, chegando a 58% do faturamento nacional da comercialização de resíduos sólidos recicláveis. Entretanto, a poluição plástica é um problema que o mundo segue tentando solucionar. 

Como o consumo irregular de plástico tem afetado o mundo 

Em 2022, cada brasileiro e brasileira gerou, em média, 64 kg de resíduo plástico, somando 13,7 milhões de toneladas, de acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos 2022. 

Mas apenas 1 milhão de toneladas desse material foi reciclado após o consumo. O número representa aproximadamente 23,4%, conforme o Preview 2022, da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abisplat). 

O que não foi reciclado, possivelmente, pode ter ido parar nos mares brasileiros. Isso porque os resíduos plásticos somam 48,5% de todos os materiais que escapam para os mares, o que representa, aproximadamente, 3,44 milhões de toneladas. 

Além disso, uma análise divulgada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) apontou que, em 2015, o plástico estava relacionado à produção de 1,7 gigatoneladas de CO2 equivalente, e a previsão é de que aumente para 6,5 gigatoneladas até 2050. A análise também aponta que apenas a reciclagem não será o suficiente para reparar os danos já causados. 

Pessoa em meio a garrafas plásticas para reciclagem. Fotomontagem da Synergia sobre foto da ONU Meio Ambiente/Cyril Villemain
O plástico estava relacionado à produção de 1,7 gigatoneladas de CO2 equivalente. Fotomontagem da Synergia sobre foto da ONU Meio Ambiente/Cyril Villemain

Algumas das alternativas apontadas pelo relatório Da Poluição à Solução: Uma Análise Global sobre Lixo Marinho e Poluição Plástica” são: agilizar a transição para energia renovável, a realização de investimentos em sistemas de monitoramento e a conscientização social sobre escolhas mais sustentáveis e responsáveis. 

Para contribuir e debater ações para reduzir os impactos do plástico no Brasil e no mundo, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu para a Semana do Meio Ambiente 2023 o tema “Soluções para a poluição plástica”. 

Uma das ações realizadas foi o evento “O Brasil em busca de soluções para a poluição plástica”, que tinha o objetivo de incentivar governantes de nível nacional, estadual e municipal, além de empresários e empresárias, a investirem em soluções para mitigar o consumo e descarte irregular do plástico. 

Além disso, a ONU tem trabalhado com mais de 175 países para desenvolver o Tratado Global do Plástico. O objetivo é que seja apresentado, até o final de 2023, um rascunho do documento com ações e metas para cada país. 

Mulheres no processo de seletiva de reciclados. Fotomontagem da Synergia sobre foto de Adriano Alves
Reciclagem não será o suficiente para repara os danos causados, mas é uma iniciativa importante na proteção do meio ambiente. Fotomontagem da Synergia sobre foto de Adriano Alves

A sociedade civil também tem atuado contra a poluição plástica, como é o caso da ONG Pra Mia, que reúne tampas plásticas e lacres de latas, vende os materiais que serão reciclados e converte o valor em castração, medicamentos e verba para cuidados com animais resgatados. 

Kyzi Gomes, mobilizadora na Synergia, aponta o impacto positivo que a ONG promove para a sociedade e o meio ambiente: “Quando começamos a coletar esses materiais, é que percebemos a quantidade de lixo que geramos e a quantidade de plástico que conseguimos retirar do meio ambiente”. A ONG Pra Mia, em atuação desde 2020, já arrecadou mais de 43 toneladas de tampinhas e lacres e, com isso, realizou a castração de mais de 200 animais resgatados. 

Desta forma, pequenas, médias e grandes ações têm contribuído para combater a poluição plástica no Brasil e no mundo e para minimizar os impactos já causados no meio ambiente. 

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