Notícia

Economia solidária: um modelo de negócio justo e igualitário

Publicado em: 15/12/2024

A economia solidária é um modelo de produção colaborativa e sustentável, no qual todas as pessoas envolvidas no processo são beneficiadas de maneira igualitária. Esse sistema propõe que trabalhadores e trabalhadoras participem ativamente das decisões da organização, garantindo um modelo mais humanizado e justo.

Enquanto o modelo capitalista foca no lucro como foco principal, a economia solidária é fundamentada em princípios como autogestão, cooperação, centralidade no ser humano e valorização da diversidade.

Mulher usando camiseta branca manuseia ovos em um comércio, organizando os produtos em um balcão
A economia solidária impacta positivamente a vida de 1,4 milhão de pessoas em todo o Brasil – Adobe Stock

Ela prioriza a apreciação do saber local e da aprendizagem contínua, buscando promover justiça social na produção e assegurando o cuidado com o meio ambiente.

De acordo com o Governo Federal, existem cerca de 20.670 empreendimentos registrados no Brasil que seguem os princípios da economia solidária. Esses negócios beneficiam mais de 1,4 milhão de pessoas em todo o país, demonstrando a relevância e o impacto positivo desse modelo no mercado de trabalho.

Associações comunitárias: exemplos de economia solidária

As associações comunitárias são um excelente exemplo de como a economia solidária funciona na prática. Geralmente formadas por grupos locais, elas atendem às necessidades da comunidade em áreas como trabalho, educação, saúde ou cultura.

“As associações são a principal forma de acesso das comunidades às políticas públicas. É a forma de acesso a tudo o que temos enquanto sociedade”, explica Terezinha Perna, coordenadora de Projetos da Synergia.

Dentro desse sistema, as pessoas da comunidade escolhem representantes, que atuam como porta-vozes, sendo responsáveis por tomar decisões em nome da coletividade e buscar acordos com os setores público e privado.

No campo do trabalho, as associações comunitárias desempenham um papel fundamental no fortalecimento econômico local. Os produtos que elas fabricam e comercializam são mais orgânicos do que aqueles encontrados nos grandes mercados, o que se traduz em benefícios para o meio ambiente e para as pessoas consumidoras.

Esses produtos têm uma forte carga cultural e histórica, representando as tradições e o saber coletivo de uma comunidade. Além disso, a precificação justa assegura que todas as pessoas envolvidas no processo de fabricação e comercialização sejam devidamente remuneradas.

Sobre a produção, Terezinha complementa: “Porque a gente não está vendendo só um produto, a gente está vendendo a cultura de um povo. A gente está vendendo uma história”.

Dentro desse modelo de negócio, a consultoria socioambiental desempenha um papel fundamental, oferecendo assistência técnica essencial para o desenvolvimento e a sustentabilidade das iniciativas de economia solidária.

Esse apoio abrange diversas áreas, como consultoria contábil, jurídica e ambiental, e é crucial para garantir que as associações e empreendimentos cumpram as normas legais e operem de maneira eficiente.

Mulher oferecendo um alimento aos clientes em uma espécie de feira
Há cerca de 20.670 empreendimentos registrados no Brasil que seguem os princípios da economia solidária – Adobe Stock

O diferencial desse tipo de suporte é que ele busca sempre priorizar a autonomia da comunidade. Ao invés de simplesmente fornecer soluções externas, o foco é capacitar membros e membras da associação para que se tornem autossuficientes na gestão de seus negócios, promovendo a autogestão e o fortalecimento da capacidade local.

“Quanto à assessoria técnica, nós não falamos pelas comunidades. Nossa função é acompanhar, orientar e explicar o que não estão entendendo, mas os posicionamentos e as decisões são sempre das comunidades”, elucida Perna.

O apoio legal e institucional

Em 2003, o Governo Federal criou a Secretaria Nacional de Economia Popular Solidária (Senaes), vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com o objetivo de fortalecer e promover a economia solidária no Brasil.

Além disso, existe o Conselho Nacional de Economia Solidária, que, embora tenha ficado inativo desde 2018, é composto por representantes do governo, das iniciativas econômicas solidárias, de organizações da sociedade civil e de serviços sociais.

Recentemente, em novembro de 2024, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 6606/19, que regulamenta a Economia Solidária e Popular. Essa legislação busca reconhecer e impulsionar o cooperativismo e os empreendimentos de economia solidária, contribuindo para a geração de emprego e renda para as pessoas envolvidas.

O projeto também visa facilitar o acesso a instrumentos de fomento e promover uma maior conexão entre consumidores/as e produtores/as, incentivando o consumo consciente e o comércio justo e solidário.

O futuro da economia solidária

A economia solidária é uma alternativa poderosa e transformadora aos modelos econômicos tradicionais, pois coloca o ser humano e a coletividade no centro do processo produtivo, ao mesmo tempo em que promove a sustentabilidade e a justiça social.

As associações comunitárias desempenham um papel essencial nesse contexto, ao fortalecer a economia local e valorizar o saber popular, criando um impacto positivo tanto para as pessoas envolvidas quanto para o meio ambiente.

Com o apoio de políticas públicas adequadas e a crescente conscientização sobre a importância do consumo responsável, a economia solidária tem o potencial de crescer ainda mais, trazendo uma mudança significativa para a sociedade e para o mercado de trabalho.

8 – Trabalho decente e crescimento econômico
10 – Redução das desigualdades

Fique por dentro

Conheça mais sobre a Synergia

Cadastre-se e receba nossas novidades.

    A Synergia se preocupa com o uso de seus dados pessoais e estes serão mantidos em segurança e sigilo, de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Para mais informações, consulte nosso aviso de privacidade.