Publicado em: 21/11/2024
O racismo climático é uma realidade que afeta de maneira desproporcional as populações mais marginalizadas, especialmente aquelas que vivem em condições de moradia precária.
Essas comunidades enfrentam os impactos da crise climática com um agravamento das dificuldades sociais e econômicas que já presentes, tornando-as ainda mais vulneráveis aos desastres naturais e aos efeitos do aquecimento global.
O conceito de racismo climático foi introduzido em 1980 pelo Dr. Benjamin Franklin Chavis Jr., durante protestos contra o depósito de resíduos tóxicos no condado de Warren, na Carolina do Norte (EUA), uma região predominantemente negra.
O termo ilustra como as populações racialmente marginalizadas, historicamente subjugadas, são as mais afetadas pelos impactos ambientais, como enchentes, deslizamentos de terra e ondas de calor extremo.
No Brasil, segundo o Censo 2022 do IBGE, cerca de 16,4 milhões de pessoas residem em favelas e comunidades periféricas, representando 8,1% da população do Brasil. Dessas, 73% se identificam como negras, o que destaca a sobreposição entre raça e desigualdade social no contexto dos efeitos da crise climática.
A falta de investimentos nas áreas periféricas contribui para a ampliação das disparidades econômicas entre o centro e as regiões mais carentes, dificultando o desenvolvimento local e a adaptação a eventos climáticos extremos.
Além das condições precárias de moradia, essas comunidades são particularmente vulneráveis aos desastres climáticos devido à falta de infraestrutura básica, como drenagem e saneamento.
De acordo com o relatório de 2022 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), moradores e moradoras de favelas e periferias enfrentam tragédias ambientais 15 vezes mais do que aqueles/as que residem em áreas com maior infraestrutura e segurança.
É importante reconhecer que o racismo climático não é um fenômeno recente, mas uma continuidade histórica das desigualdades sociais que remontam ao período da escravidão.
Durante esse período, as populações negras foram sistematicamente privadas de direitos e condições dignas de vida, o que contribuiu para a perpetuação de desigualdades estruturais que ainda se refletem na atualidade.
Essa herança histórica continua a determinar a forma como as comunidades negras são afetadas por crises sociais e ambientais.
Recentemente, jovens de diversas regiões do Brasil viajaram até Baku, no Azerbaijão, para pressionar os países-membros da COP (Conferência das Partes) a tratarem o racismo climático com a devida prioridade.
Esse movimento destaca a crescente demanda por um compromisso global mais forte e consciente sobre os impactos desiguais da crise climática.
Portanto, para que o racismo climático seja efetivamente combatido, é crucial que o tema seja abordado de maneira sistemática em encontros governamentais e amplamente difundido nos canais de comunicação com a população.
Somente assim será possível criar políticas públicas eficazes que busquem diminuir as disparidades entre as classes sociais e proporcionar uma resposta mais justa e inclusiva aos desafios impostos pela crise climática.
Esta notícia faz parte da campanha Semana da Consciência Negra 2024, realizada pela Synergia Socioambiental. Para conferir os demais conteúdos, acesse a página da campanha!
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