Publicado em: 23/04/2024
O embate “Planeta versus Plástico”, tema abordado pelo Dia da Terra 2024, relembra a importância e o quanto o mundo ainda está atrasado em relação à assinatura de um acordo mundial para combater a poluição causada pelos plásticos no meio ambiente.
Embora no ano passado tenham ocorrido avanços nas negociações, somente em março deste ano, durante a 6ª Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 193 países da Organização das Nações Unidas (ONU) se comprometeram oficialmente com o que seria o primeiro tratado global contra a poluição por plásticos.
O acordo visa, por meio do desenvolvimento de um “instrumento internacional juridicamente vinculativo sobre a poluição plástica”, nortear os países sobre o compromisso e as medidas necessárias para lidar com o ciclo de vida do plástico que produzem – ciclo que compreende tanto a produção quanto o uso, processos como logística reversa e economia circular, descarte e reciclagem.
A expectativa da ONU é de que as negociações para a construção desse instrumento global sejam concluídas até o final de 2024. Porém, alguns termos do compromisso – principalmente o que se refere às proibições globais de plásticos descartáveis –, têm sido considerados por alguns países como dificultadores para a assinatura.
O Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA) aponta que a humanidade produz cerca de 430 milhões de toneladas de plástico por ano, gerando resíduos que poluem todo o meio ambiente e já afetam a cadeia alimentar humana, por meio de microplásticos que podem ser ingeridos involuntariamente, pelo consumo de frutos do mar ou de alimentos embalados com plásticos, por exemplo. A poluição dos oceanos por plásticos e microplásticos, inclusive, foi um dos temas mais abordados pelas organizações que discutiram o tema Planeta versus Plástico.
Uma das pesquisas mais utilizadas para embasar as discussões foi o levantamento divulgado em 2022, pela ONG WWF. O estudo, que estimou que a poluição por plásticos pode quadruplicar até 2050, considerando que a produção de plástico deve dobrar até 2040 e a quantidade de microplásticos marinhos deve aumentar até 50 vezes – também sugere que a contaminação dos oceanos possa chegar ao ponto de ser irreversível. Aliada a fatores como pesca predatória e mudanças climáticas, entre outros, a poluição plástica pode causar a extinção de diversas espécies marinhas.
No embate Planeta versus Plástico, grande parte das soluções sugeridas por ambientalistas são baseadas na cobrança e implementação de políticas para a redução da produção de plásticos, e não apenas no que se deve fazer com ele após o início do seu ciclo de vida – embora esta também seja uma parte importante.
Um exemplo disso é a proposta da earthday.org, principal organização vinculada ao Dia da Terra, que este ano propõe a redução de 60% na produção de plásticos até 2040 e a eliminação total dos plásticos descartáveis até o fim desta década.
Afora a ação de governos, para colaborar com a diminuição de plástico no meio ambiente, as empresas também precisam investir em processos mais limpos e com menos produção e utilização de plásticos – além da criação de soluções sustentáveis para o tratamento do plástico e de seus resíduos.
A visão e o posicionamento de consumidores e consumidoras podem ser essenciais para direcionar as empresas nesse caminho, já que, segundo pesquisa divulgada em abril deste ano, 87% das pessoas em todo o mundo acreditam que é importante ter regras para reduzir a quantidade de plástico produzido globalmente, e 85% querem uma proibição global de produtos plásticos descartáveis.
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