Publicado em: 12/11/2023
Os incêndios no Pantanal se intensificaram nos últimos meses e o principal território impactado está sendo o Parque Estadual Encontro das Águas, localizado entre os municípios Poconé e Barão de Melgaço. A reserva, que possui 108 mil hectares, já teve cerca de 36 mil deles atingidos pelo fogo.
As queimadas preocupam sobretudo pelo fato de o parque ser considerado a região com a maior concentração de onças-pintadas não apenas do Pantanal, mas do mundo. A região abriga, ainda, mais de 5 mil espécies de fauna e flora.
Segundo os dados divulgados pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o incêndio na região, que começou no início de outubro (dia 1º), já havia sido controlado e considerado extinto ao final do mês (dia 31), como resultado das chuvas e do trabalho de agentes da Defesa Civil do Estado e do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso.
Porém, o fogo voltou a atingir o local no dia 7 de novembro. As altas temperaturas e as fortes rajadas de vento teriam sido a causa da reignição, conforme o pronunciamento do tenente-coronel Marco Aires, comandante do Batalhão de Emergências Ambientais (BEA). As autoridades alertaram para o fato de que não há previsão de novas chuvas para a região, apenas de calor intenso.
Os dados do Lasa indicam, ainda, que este já é o segundo pior ano de queimadas no território desde 2013. E os/as especialistas acreditam que há grandes chances de que o acumulado de 2023 supere o de 2013, considerando que ainda estamos no mês de outubro.
Em 2020, na pior seca dos últimos 50 anos, que resultou em aumento histórico de 220% de focos de incêndio no Pantanal, o Parque Estadual Encontro das Águas chegou a ter mais de 85% da área atingida pelo fogo. Na época, a Synergia Socioambiental deu início à campanha Synergia Em Defesa Do Pantanal, com o objetivo de arrecadar recursos para apoiar financeiramente o trabalho das ONGs que já atuavam em prol da conservação do bioma mesmo antes da tragédia ambiental daquele ano.
Lançado oficialmente no final de outubro, como uma das estratégias de prevenção aos incêndios no Pantanal, o Sistema de Monitoramento Aracuã tem ajudado a evitar os focos de incêndio na região, mesmo com as condições adversas que têm agravado as queimadas.
Resultado do desenvolvimento de uma metodologia personalizada de monitoramento de focos de calor e análise de dados territoriais no bioma Pantanal, aliado aos alertas em tempo real para as Brigadas Pantaneiras (BPAN), o sistema tem facilitado a prevenção ativa na região, evitando uma tragédia ainda maior.
Uma das etapas do Sistema de Monitoramento Aracuã, o Painel Aracuã – desenvolvido pela Synergia – possibilita o monitoramento de dados variados, incluindo dados sobre histórico de focos de calor registrados, qualidade da vegetação, características do terreno, infraestruturas existentes e ações preventivas adotadas, e pode desempenhar um papel fundamental na região, ajudando na previsão para os meses seguintes e no desenho de estratégias de prevenção e combate ao fogo.
Para a ocasião do lançamento do Sistema, a Synergia desenvolveu um painel específico, contemplando a área do Parque Estadual Encontro das Águas, que estava sendo atingido pelas primeiras queimadas, em outubro.
Marcos Vinicius Quizadas de Lima, especialista de Geoprocessamento da Synergia, destaca a interpretação facilitada dos dados, possibilitada pelo painel, como um suporte essencial para a compreensão da complexidade dos incêndios no Pantanal: “Ao utilizar informações históricas e análises de dados em tempo quase-real, esses painéis não apenas oferecem clareza para especialistas, mas podem ajudar o público geral na identificação de padrões cruciais no combate e prevenção de incêndios florestais. Este entendimento aprimorado pode ser uma peça-chave na proteção efetiva do Pantanal e ajudam a impulsionar a conscientização”, aponta.
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