Publicado em: 05/09/2023
A conservação da floresta, aliada ao avanço da bioeconomia na Amazônia, tem sido um tema de destaque nos últimos tempos. Isso porque, após anos de degradação, comunidades locais, especialistas e entidades têm procurado formas de promover a geração de renda das pessoas da região a partir do desenvolvimento sustentável.
Ou seja, apoiando iniciativas e atividades econômicas que mantenham a floresta em pé e que tenham o potencial de impulsionar a qualidade de vida das pessoas pertencentes à Floresta Amazônica, como produções florestais não-madeireiras de baixo carbono.
Como forma de apresentar os impactos positivos da bioeconomia, o relatório Nova Economia da Amazônia, desenvolvido pelo instituto de pesquisa WRI Brasil, aponta que o PIB atual da bioeconomia na Amazônia Legal pode chegar a R$ 12 bilhões por ano.
Além disso, uma estimativa da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) mostra que ao zerar o desmatamento ilegal, o desenvolvimento sustentável poderá gerar um faturamento industrial adicional de US$ 284 bilhões por ano, até 2050.
O Brasil produziu 270 mil toneladas de cacau, conforme dados do IBGE, de 2020-2021, e 50% dessa produção vem do estado do Pará, o que movimenta, em média, R$ 1,8 bilhão ao ano.
A cadeia produtiva do cacau é feita por agricultores/as familiares, principalmente em áreas que já foram degradadas, o que permite a recuperação das terras e reduz os índices de desmatamento e incêndios na região.
Como forma de apoio à cadeia produtiva do cacau, o Projeto Redes do Médio Xingu, desenvolvido pela Synergia, promove a assistência técnica e extensão rural (ATER), com base em técnicas agrícolas, arranjos produtivos e saberes tradicionais, que acontece desde o plantio até o escoamento do cacau. Além disso, a Synergia apoia a busca por acesso ao mercado de cacau.
O Pará também concentra a principal cadeia produtiva de açaí do mundo, chegando a 239 toneladas. O estado do Amazonas e do Pará concentram, juntos, 87,5% de toda a produção nacional. Mas existe uma divisão na produção local: o açaí voltado ao mercado local, produzido com base na bioeconomia, e o açaí voltado para a indústria e mercado externo, que é caracterizado pela monocultura e não se enquadra na bioeconomia.
O açaí produzido com base na bioeconomia corresponde a 53% de toda a produção e tem um valor agregado de R$ 1,08 bilhão. Já o açaí voltado ao mercado externo corresponde a 47% da produção local e tem um valor agregado de R$ 4,7 bilhões.
Durante a Cúpula da Amazônia e o Diálogos Amazônicos, eventos que debateram o futuro da Amazônia, as lideranças presentes apontaram a importância de explorar a bioeconomia para gerar emprego, preservar a floresta e garantir qualidade de vida para as pessoas que vivem na região.
O Selo Amazônia é uma das alternativas pensadas para impulsionar a bioeconomia na Amazônia. O objetivo é inserir o selo em produtos da cadeia produtiva, certificando que garantem a qualidade de vida dos povos da região e ajudam a preservar a floresta.
Outra alternativa de apoio à bioeconomia na Amazônia é o investimento em pesquisa, como o realizado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), que investiu mais de R$ 1 milhão em inovação e atividades científicas.
Além disso, para apresentar ao mundo o trabalho feito na cadeia produtiva do cacau, a Synergia, em coprodução com a Dot Films e apoio do ICMBio, desenvolveu o documentário “A floresta que você não vê – Narrativas do Médio Xingu”, inspirado no Projeto Redes do Médio Xingu. O documentário mostra os desafios de agricultores/as familiares para gerar renda e manter a floresta em pé.
A estreia nacional do documentário “A floresta que você não vê – Narrativas do Médio Xingu” acontece no Dia da Amazônia, 5 de setembro, às 20h, no canal da Synergia, no YouTube.
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