Publicado em: 01/05/2022
Você sabe o que é Empregabilidade Verde e como ela se relaciona com o trabalho com propósito e com as novas configurações de trabalho?
Montamos um panorama dos últimos anos para explicar como surgiu o conceito de empregabilidade verde e como ele tem influenciado as gerações que estão atualmente no mercado de trabalho e as que ainda virão. Confira!
Os últimos anos foram marcados por mudanças extremamente rápidas no mercado de trabalho para que as empresas pudessem se adaptar às limitações impostas pela pandemia de covid-19.
Para trabalhadores e trabalhadoras, principalmente do setor de serviços, o momento foi de incertezas, e muitos/as perderam seus empregos – que começaram a ser recuperados aos poucos, com as reaberturas do comércio.
Mas para os/as profissionais dos setores e empresas que puderam migrar as suas atividades para o teletrabalho (home office ou trabalho remoto), novas configurações foram se formando.
O modelo de teletrabalho levou muitas pessoas a questionarem se realmente queriam voltar para as rotinas anteriores, que envolviam – além do óbvio tempo de deslocamento – outros fatores que fizeram com que essas pessoas considerassem a permanência no trabalho remoto como a melhor solução.
Embora, de acordo com o IBGE, 3,8 milhões de brasileiros/as já trabalhassem de maneira remota em 2018 – grande parte freelancers ou de empresas startups e serviços totalmente online – a pandemia acelerou o processo de adaptação de empresas para o teletrabalho.
Segundo pesquisa realizada pela consultoria Betania Tanure Associados (BTA, 2020), 43% das empresas que atuam no Brasil adotaram o trabalho remoto. Já o sistema parcial de trabalho em casa, com colaboradores/as comparecendo apenas alguns dias da semana no local oficial de trabalho, foi adotado por 33% das empresas, de acordo com estudo elaborado pela Fundação Instituto de Administração (FIA).
Com a vacinação em massa e o retorno oficial de todas as atividades, as empresas começaram a entender que deveriam considerar a vontade de seus trabalhadores e trabalhadoras (quando possível, com novas propostas como o regime híbrido de trabalho e a manutenção do teletrabalho em definitivo.
Esse movimento das empresas pode ter sido motivado por fatores financeiros, considerando que, em alguns casos, o teletrabalho diminuiu custos para a empresa – muitas, inclusive, dispensaram seus locais físicos ou diminuíram consideravelmente o tamanho de suas estruturas.
Porém, ele também obedece aos desejos de trabalhadores/as que se recusaram a voltar ao trabalho presencial, gerando uma onda de pedidos de demissão que afetou diversos países, principalmente os Estados Unidos, e chegou com força no Brasil em fevereiro deste ano.
Vale destacar que decisões como a de pedir demissão para não retornar ao trabalho presencial ou a de escolher empregos com base puramente em satisfação pessoal representam um recorte muito específico da população, principalmente fora dos países desenvolvidos.
Por enquanto, apenas uma pequena parcela da população mundial, que pode ser considerada privilegiada, pode optar por estar desempregada ou consegue ter acesso ao conhecimento e capacitação necessários para migrar para outros empregos e áreas com facilidade.
Mas o que queremos destacar aqui é a mudança no ponto de vista das pessoas que compõem atualmente o mercado de trabalho, que buscam cada vez mais por empregos com valores afins e propósitos que vão muito além de salários e benefícios.
Principalmente quando falamos das gerações mais jovens, que estão começando agora a ocupar os seus espaços – muitas vezes, em profissões que sequer existiam há cerca de 10 anos ou menos – a percepção sobre o que é um emprego satisfatório tem considerado fatores muito diferentes dos que eram os requisitados pelas gerações anteriores.
Se há muito anos, ter estabilidade e poder se manter até a aposentadoria na mesma empresa, poderia ser visto como uma carreira de sucesso – mesmo se aquele não fosse o trabalho dos sonhos – hoje, a satisfação pessoal e a possiblidade de se vivenciar experiências e desafios novos contam muito mais na hora da escolha da profissão e na manutenção de um emprego.
Pesquisas já demonstraram que a Geração Z (pessoas nascidas entre 1996 e 2010) e a Geração Y (pessoas nascidas entre 1980 e 1995 – também conhecidas como millenials), por exemplo, preferem estar desempregadas a permanecerem em empregos que os façam infelizes ou que interfiram em suas vidas pessoais. Da mesma forma, a maioria dos/das jovens busca por empresas que compartilhem os seus valores pessoais – diversidade e inclusão foram elementos citados como essenciais.
Atualmente, assim como temos um mercado consumidor mais voltado para a sustentabilidade, com consumidores cobrando reponsabilidade socioambiental das empresas que fornecem serviços e mercadorias, também temos um momento no qual a consciência sobre o trabalho está tomando novos rumos. E isso inclui tanto os/as jovens recém-chegados/as quanto as pessoas que já estavam no mercado de trabalho.
Além de um emprego alinhado com os seus propósitos, os/as profissionais buscam cada vez mais por empresas e áreas que tenham impacto positivo no mundo e políticas internas de governança mais humanizadas. As questões sociais, ambientais e de governança se tornaram foco para essas pessoas.
Principalmente nos assuntos relacionados ao clima e às mudanças climáticas – e ao modo como o planeta já não consegue se recuperar da exploração abusiva e do uso indiscriminado de seus recursos – o processo de tomada de consciência tem afetado profissionais, que querem fazer parte da solução.
De acordo com pesquisas recentes, a procura por empregos que tenham impacto positivo direto sobre o meio ambiente ou que atuem de forma direta sobre ele – os chamados “empregos verdes” – aumentou no Brasil e no mundo:
Dados retirados da reportagem ‘Profissionais olham para a “empregabilidade verde”’, publicada pelo Valor Econômico. Disponível aqui.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), são considerados empregos verdes “os trabalhos de agricultura, atividades de fabricação, pesquisa e desenvolvimento, administração e serviço que contribuem de forma considerável para preservar ou restaurar a qualidade do meio ambiente”.
A Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) divulgou em 2020 um relatório sobre economia verde e emprego verde que já demonstrava a tendência das novas gerações a buscarem por áreas e trabalhos que demonstrassem responsabilidade socioambiental.
Desde então, a empregabilidade verde vem ganhando destaque no mundo, crescendo em ofertas de posições no Brasil e, recentemente, foi considerada como uma das grandes apostas para ajudar na recuperação pós-pandemia.
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